APELO
O 25 de Abril e o 1º de Maio de 1974 ficaram para sempre associados ao imaginário da liberdade e da democracia. Continuam a ser uma referência e uma inspiração. Trinta e quatro anos volvidos, apesar do muito que Portugal mudou, o ambiente não é propriamente de festa. Novas e gritantes desigualdades, cerca de dois milhões de portugueses em risco de pobreza, aumento do desemprego e da precariedade, deficiências em serviços públicos essenciais, como na saúde e na educação. Os rendimentos dos 20 por cento que têm mais são sete vezes superiores aos dos 20 por cento que têm menos. A corrupção e a promiscuidade entre diferentes poderes criaram no país um clima de suspeição que mina a confiança no Estado democrático. Numa democracia moderna, os direitos políticos são inseparáveis dos direitos sociais. Se estes recuam, a democracia fica diminuída. O grande défice português é o défice social, um défice de confiança e de esperança. O compromisso do 25 de Abril exige que se restaurem as metas sociais consagradas na Constituição da República. E exige também uma crescente cidadania contra a insegurança, contra as desigualdades, por mais e melhor democracia. Não podemos, por outro lado, ignorar a persistência de uma política de agressão, bem como as repetidas violações do direito internacional e dos direitos humanos. Bagdad, Abu-Ghraib e Guantánamo são os novos símbolos da vergonha. Não se constrói a paz com a guerra. Nem se defende a democracia pondo em causa os seus princípios. E por isso, hoje como ontem, é preciso lutar pelos valores da Paz e pelos Direitos Humanos. Não nos resignamos perante as dificuldades. Como escreveu Miguel Torga – “Temos nas nossas mãos / o terrível poder de recusar.” Mas também o poder de afirmar e de dar vida à democracia. Os que nos juntamos neste apelo, vindos de sensibilidades e experiências diferentes, partilhamos os valores essenciais da esquerda em nome dessa exigência. É tempo de buscar os diálogos abertos e o sentido de responsabilidade democrática que têm de se impor contra o pensamento único, a injustiça e a desigualdade. Manuel Alegre - deputado e escritor; Isabel Allegro Magalhães - professora universitária; José Soeiro - deputado; Abílio Hernandez - professor universitário; Acácio Alferes - engenheiro; Albano Silva - professor; Albino Bárbara - funcionário público; Alexandre Azevedo Pinto - economista, docente universitário; Alfredo Assunção - general, militar de Abril; Alípio Melo - médico; Ana Aleixo - médica; Ana Luísa Amaral - escritora; António Manuel Ribeiro - músico; António Marçal - sindicalista; António Neto Brandão - advogado; António Nóvoa - professor universitário; António Travanca - professor universitário; Augusto Valente - major general, militar de Abril; Camilo Mortágua - resistente; Carlos Alegria - médico; Carlos Brito - ex-deputado; Carlos Cunha - engenheiro; Carlos Sá Furtado - professor universitário; Carolina Tito de Morais - médica; Carreira Marques - ex-autarca; Cipriano Justo - médico; Cláudio Torres - arqueólogo; David Ferreira - editor; Dinis Cortes - médico; Edmundo Pedro - resistente, ex-deputado; Eduardo Milheiro - empresário; Elísio Estanque - professor universitário; Ernesto Rodrigues - escritor; Eunice Castro - sindicalista; Fátima Grácio - dirigente associativa; Francisco Fanhais - músico e professor; Francisco Louça - deputado; Francisco Simões - escultor; Helena Roseta - arquitecta, autarca; Henrique de Melo - empresário; João Correia - advogado; João Cutileiro - escultor; João Semedo - deputado; João Teixeira Lopes - professor universitário; Joaquim Sarmento - advogado, ex-deputado; Jorge Bateira - professor universitário; Jorge Leite - professor universitário; Jorge Silva - médico; José Aranda da Silva - ex-Bastonário Farmacêuticos; José Emílio Viana - dirigente associativo; José Faria e Costa - professor universitário; José Leitão - advogado, ex-deputado; José Luís Cardoso - advogado, militar de Abril; José Manuel Mendes - escritor; José Manuel Pureza - professor universitário; José Neves - fundador do PS; José Reis - professor universitário; Luís Fazenda - deputado; Luís Moita - professor universitário; Luisa Feijó - tradutora; Mafalda Durão Ferreira - reformada da função pública; Manuel Correia Fernandes - arquitecto, professor universitário; Manuel Grilo - sindicalista; Manuel Sá Couto - professor; Manuela Júdice - bibliotecária; Manuela Neto - professora universitária; Margarida Lagarto - pintora; Maria do Rosário Gama - professora; Maria José Gama - dirigente associativa; Mariana Aiveca - sindicalista; Natércia Maia - professora; Nélson de Matos - editor; Nuno Cruz David - professor universitário; Pacman - músico; Paula Marques - produtora; Paulo Fidalgo - médico; Paulo Sucena - professor; Pio Abreu - psiquiatra; Richard Zimmler - escritor; Rui Mendes - actor; Teresa Mendes - reformada da função pública; Teresa Portugal - deputada; Ulisses Garrido - sindicalista; Valter Diogo - funcionário público aposentado; Vasco Pereira da Costa - escritor, director regional da cultura. |
Será que este encontro, no Teatro Trindade, no próximo 3 de Junho, em que participarão elementos do Bloco de Esquerda, renovadores comunistas e socialistas históricos, como Manuel Alegre, é a pedrada no charco há tanto tempo esperada?
Mário Soares, por seu lado, faz um contundente aviso ao Governo de José Sócrates para que faça uma reflexão urgente sobre a crise social que afecta o país, sobretudo em relação a bolsas de pobreza, desigualdades sociais e descontentamento da classe média, sob pena de um fracasso eleitoral já em 2009, por possibilidade de haver transferência de voto para o PCP e o Bloco de Esquerda.
Não sendo, propriamente, admiradora do Dr. Mário Soares, concedo que há um conjunto de princípios a que ele é fiel e, por isso, tem a minha admiração. Teria gostado, no entanto, que a sua preocupação não fosse tanto a perda das próximas eleições pelo PS, mas antes a injustiça da situação que vivemos e a que um homem de esquerda não pode ficar indiferente.
As eleições… Quero lá saber das eleições, se sei que vão ser ganhas pelos responsáveis das políticas erradas que têm sido seguidas! Que alternativa temos ao bloco central?
Só vejo uma solução: a luta, sem tréguas, de todos aqueles que não se conformam com o desnorte provocado pela incompetência desse mesmo bloco central (PS e PSD), nem aceitam políticas que favoreçam as desigualdades sociais e neguem à maioria o direito a viver com dignidade.
ACORDA, PORTUGAL!!!
Quantos biliões de homens! Quantos gritos
Um de quinze tostões. Campo de Ourique.
Exemplo perfeito: O discurso político é feito aos berros... uma pedra em cada mão...
[...]
Eis a questão, outra vez. Com os provados réditos dos combustíveis, o que faz o Estado pelo cidadão comum? Dá-lhe boas estradas e ruas, hospitais, escolas, parques, limpeza e segurança (social e física)? Dá-lhe "qualidade de vida"?
[23.05.2008]
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Nota: O sublinhado é meu.
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Duas notícias sobre educação, na imprensa escrita de hoje, mostram bem o modus operandi do Ministério da Educação, desde há muito, e das “comissões”, “associações” e “especialistas” vários (sociólogos, psicólogos, pediatras, etc.) que se movimentam à sua volta.
O INFANTE
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce,
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Fernando Pessoa, Mensagem
3.São muitos séculos... "A raça não dá mais!", exclamava um amigo meu, à cavaqueira, no Majestic, Porto. Não dá e já deu muito mais. E foi mil vezes traída. Quando Eça sublinha: "não os instrui: deixa-lhes morrer a alma" -põe o dedo na ferida. O horror e o medo goebbelianos que os poderosos sentem diante da cultura, eis o busílis. E porquê? Porque povo culto é povo perigoso: reivindicará os direitos -questionará injustiças e privilégios. Não convém.
Manuel Poppe, in O Outro Lado,
Jornal de Notícias, 18.05.2008
Não foi como devia ter sido, não foi como eu queria que fosse.
Mas alguém respondeu à chamada.
Apesar da frustração, apesar de ser claro para muitos de nós que, tão cedo, nada mais se pode fazer.
A última batalha não teve, em minha opinião, vencidos nem vencedores.
A GUERRA TEM DE SER GANHA PELOS
PROFESSORES E POR PORTUGAL!!!
Poder-se-á, ainda, aproveitar a paragem das aulas para reflectir nos imensos problemas da profissão e na qualidade do Ensino que temos:
PARA REGRESSAR COM A FORÇA DE QUEM ENCONTRA, NA LUTA POR UM MUNDO MELHOR PARA TODOS, A FELICIDADE POSSÍVEL.
Colegas,
Em todas as lutas há avanços e recuos. Há gente que persegue o que é justo e bom e há, também, os que se juntam para impedir que esse objectivo se concretize.
O Ensino, em Portugal, precisa duma REVOLUÇÃO. Por nós todos, pelo nosso futuro!
Esta hora é de UNIÃO. Sei que há muitos Professores desanimados, tristes, que se sentem traídos. Mas é hora de acordar! Vá lá! Chega de hibernação! Chega de lamentos! Vamos lutar TODOS pelos nossos direitos, pela possibilidade de Portugal sair do limbo em que se encontra. Isso só será possível, através de um Ensino de qualidade na ESCOLA PÚBLICA.
Eu vou lá estar. E tu?
QUANTOS SEREMOS?
Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Humoristas às avessas
Nos muitos rótulos que se colam a alguns de nós – há quem pareça maleta de porão pejada deles -, os que mais entediam são os de pessimista, catastrofista, negativista, anátemas de muito mesquinha formulação.
Fazem-no, como de costume, de forma enviesada: em vez de os questionarem de frente, no concreto, alfinetam-nos de esguelha, no apoucamento, maneira de desacreditá-los, amesquinhá-los.
BARCELOS
Casa de Santa Maria
Brasão
Deslocando-me, hoje, à terra que me viu nascer, trouxe de presente, para uma menina de bibe com o nome bordado e com os cabelitos enrolados em canudinho no alto da cabeça, fotografias das paredes dentro das quais ficou o seu primeiro “paraíso perdido”. Aqui aprendemos as primeiras letras e aqui ficaram guardadas algumas das nossas primeiras memórias.
O programa "Cartas na Mesa", da TVI, começou mal. Constança Cunha e Sá esteve insegura, incapaz de perceber a complicação da linguagem e do sistema de ensino português.
Por isso, deu rédea solta à Ministra que, sem qualquer problema, voltou a repetir tudo o que tem afirmado. Nada de novo.
Está tudo bem. Ela, qual formiguinha laboriosa, continua a trabalhar para melhorar a Escola Pública, sem demonstrar a bondade da política que impõe. Depois... as Escolas estão preparadas para resolver todas as situações, já perceberam que tudo o que senhora Ministra faz (Até o Sistema de Avaliação dos Professores!!!) é para bem de todos e, por isso, colaboram com entusiasmo.
Elucidativa foi a afirmação de que "uma Escola que reprova alunos tem por objectivo a selecção. Hoje, o objectivo é manter os alunos na Escola durante nove anos". Como pôde a entrevistadora deixar passar, sem qualquer comentário, esta "fuga da boca para a verdade" da Ministra? CONFRANGEDOR!!!
Quem será capaz de retirar, dos olhos da Ministra, a venda que ela própria colocou e que a impede de ver a realidade? É que insistir nesta via poder levar a que "a bomba um dia lhe rebente nas mãos".
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P.S. Já me esquecia: Segundo a senhora socióloga, o estatuto sócio-económico dos Professores mantém-se intocável.
Ouvir e ver, ontem, o programa da RTP1, "Prós e Contras", dá que pensar.
Agora, que a crise alimentar chegou, todos sabem que as políticas agrícolas da Comunidade Europeia estão erradas. Foram muitos os que o afirmaram. Até dói ver o Ministro da Agricultura tentar defender o indefensável.
Para ele, os agricultores é que são os culpados. Lá por receberem dinheiro da UE para não produzir, ninguém os obrigava a... não produzir.
Por outro lado, há quem pense que se abriu uma janela de oportunidade. Um desafio...
Para ganhar com a miséria e a fome alheias?
Enfim... ou estou a ficar doida ou temos de começar a ter cuidado com a irresponsabilidade de quem nos governa. Aqui ou na dita "Europa civilizada".
Manuel António Pina que, não interessa porquê, esteve um tempo afastado do Jornal de Notícias, regressou. E regressou no seu melhor. Da forma mordaz e corrosiva que o caracteriza, faz um retrato do Ensino Superior, numa previsão negra do futuro. Será que está tudo cego? |
O "Guia do Estudante" (e, já agora, também as notícias que dão conta de que 70% dos universitários de Ciências e 50% dos de Letras não lêem livros, para além dos que não sabem sequer quem é primeiro-ministro ou o presidente da República) é uma amostra abissal do país da "excelência" e das "novas oportunidades". Universidades e escolas superiores têm, neste momento, à venda algo como 1500 pós-graduações, mestrados e doutoramentos, o que, a uma média de 30 alunos por curso, promete cerca de 5000 novos mestres e doutores a pesar fruta nas caixas de supermercado, nos próximos tempos. Há de tudo: pós-graduações, mestrados e doutoramentos em lazer, criatividade, revisão de texto, manutenção de campos de golfe, fiscalização de obras, aconselhamento pastoral, grandes catástrofes (o jeito que tinha dado um doutor em grandes catástrofes, sábado, no Dragão!), consentimento informado (?), legendagem, "design de jeans wear" (gosto particularmente daquele "de" perdido no meio do inglês técnico), e por aí fora. Depois do caso do telemóvel do Carolina Michaëlis até já existe um mestrado em "mediação de conflitos em contexto escolar". Falta, como em "A Lição", de Ionesco, um Doutoramento Geral, ou em Tudologia. E em Sueca, e em Arrumação de Automóveis. Mas lá chegaremos.
in Jornal de Notícias, 5 de Maio de 2008
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM
ADOPTADA E PROCLAMADA PELA ASSEMBLEIA GERAL
DAS NAÇÕES UNIDAS
NA SUA RESOLUÇÃO 217A (III) DE 10 DE DEZEMBRO DE 1948
Artigo 23.º
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para a defesa dos seus interesses.
Artigo 24.º
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas.
Artigo 25.º
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
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O mês de Maio é, para muitos de nós, símbolo de luta. Dos Trabalhadores pelo reconhecimento dos seus direitos, dos Estudantes que, na França em 68 ou em Portugal em 69, exigiram um Ensino e uma sociedade melhores para todos.
Hoje, mais do que nunca, é visível um ataque cerrado contra os direitos fundamentais.
Por isso, mais do que nunca, é preciso lutar contra o neoliberalismo e aqueles que o servem de forma acrítica e desumana.
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