Terça-feira, 20 de Novembro de 2012

Instruções para salvar o mundo

 

- De onde és?

O rapaz titubeou por instantes.

- De Marrocos.

- Ah, bem, de Marrocos… - repetiu Matias mecanicamente.

O jovem ergueu a cabeça num gesto quase imperceptível de rancoroso orgulho.

- Lá não acontecem coisas destas.

- Que coisas? […]

- Lá, os assassinos não matam velhotes. E não vivem sós, os velhos. Os velhos muito importantes no meu país. E a família. Mas aqui… Julgam que sabem tudo e não sabem nada.

 

********************************

 

Rashid tinha visto o cumprimento que Matias lhe fizera ao passar por ele de carro, mas tinha preferido não retribuir. Não se fiava no taxista. Tinha-se portado bem aquando da pneumonia, mas fê-lo com certeza tentando tirar algum proveito, porque os infiéis só se moviam por interesse e o seu único deus era o dinheiro. Eram tipos maus e carentes de valores, e por isso o seu comportamento era incompreensível. Por exemplo, o homem que ia agora com Matias, parecia ser o mesmo que, dois dias antes, vira amarrado, amordaçado e pedindo ajuda. Ainda bem que Rashid não lhe deu importância, porque agora ele e o taxista pareciam muito amigos. Além disso, reparara que o taxista tinha a cara partida, como se tivesse lutado. O que confirmava que era um homem violento. O que se podia esperar de alguém que, de repente e sem vir a propósito, o atacara como um energúmeno? Com certeza que o fizera por motivos racistas. Os acidentais eram todos assim, racistas, agressivos, predadores e imperialistas. Pervertidos capazes de prostituir as suas mulheres e as suas filhas. Tiranos e assassinos do povo árabe.

Rashid, que era um rapaz culto e tinha estudado Engenharia Electrónica na Universidade de Rabat, sentiu que se lhe formava um nó de emoção na garganta. Sempre que pensava na dor e na opressão do povo árabe, comovia-se profundamente. Era um duelo épico, pedras contra mísseis, fé contra avareza, os soldados da luz contra o exército da escuridão. Ele tinha demorado a compreendê-lo, porque os seus pais, embora bons crentes, eram pessoas simples e antiquadas. Bondosas de mais, pacíficas de mais, contemporizadoras de mais com o inimigo. Os seus pais tinham uma loja de electrodomésticos e viviam bem. Ele, filho único, tinha crescido num ambiente de abundância, ignorando a humilhação, a miséria e a opressão de tantos muçulmanos. Tivera-os diante dos olhos, na rua, na própria porta de casa, os pobres, os mendigos. Mas olhava para eles sem os ver, com a cegueira egoísta da rotina, sem saber o que significavam, sem compreender que eram as primeiras vítimas da longa guerra encoberta que estavam a travar. Felizmente, no ano anterior, Rashid tivera a sorte de encontrar Omar e Ahmed, um pouco mais velhos do que ele, e, graças a eles, tinha descoberto o sentido da existência. O seu pai não compreendeu. E aborreceu-se. Proibiu-o de continuar a ver esses amigos. “Um bom muçulmano honra o seu pai e obedece-lhe!”, dizia-lhe. Mas Rashid não podia obedecer, porque havia verdades mais importantes e mais urgentes que a submissão devida aos mais velhos.

Quando estava a chegar à paragem que ficava em frente da farmácia viu que tinha acabado de perder um autocarro. Deixou-o ir porque hoje não estava em condições de correr, mas mortificou-o ter confundido o horário e pôs-se a examinar as rotas e as horas, que estavam dentro de uma caixinha envidraçada. Por mais que examinasse a folha, não conseguia perceber que autocarro era esse que acabara de sair. O que queria apanhar devia chegar dentro de nove minutos. Talvez fosse um autocarro de reforço; ou talvez o anterior se tivesse atrasado muito. Enfim, era igual, decidiu. Também isso estava marcado pelo destino. Enquanto esperava, sentiu a carícia do sol na pele. Estava uma manhã muito bonita que cheirava a Primavera. O seu autocarro apareceu na esquina, avançou com o peso de um boi cansado e parou junto dele com um arfar hidráulico. Rashid entrou, picou o seu passe e sentou-se ao lado de um velho, pousando a mochila no chão, entre os pés. Hoje não pesava nada, porque levava apenas um livro. Observou a rua através da janela, os pequenos jardins, as frescas e sumarentas sombras matinais, o brilho do sol. Pareceu-lhe voltar a sentir no rosto um beijo de luz tíbia e os olhos encheram-se-lhe de lágrimas. Sabia que a mãe ficaria louca de dor, que o pai se horrorizaria e envergonharia. Comprimiu as pálpebras, trémulo, e durante cinco minutos mergulhou na vertigem dos seus pensamentos. Os outros passageiros do autocarro deviam pensar que o jovem estava a dormir e os mais observadores, vendo a rigidez da sua postura e a película de suor que lhe humedecia a testa, talvez tenham deduzido que estava enjoado. No entanto, a mente de Rashid estava entregue a uma actividade frenética e o interior da cabeça do rapaz fervilhava de cantos e de rezas, de choros e de gritos. Até que uma luz ofuscante se acendeu no seu cérebro e calcinou todas as palavras, todas as razões e todos os pensamentos. Esse foi o momento em que Rashid abriu de novo os olhos, já sem ver, e, metendo a mão por baixo da camisola, accionou o detonador do seu cinto explosivo.

Felizmente, alguma coisa falhou nas ligações e só explodiu uma das seis cargas que trazia coladas às costelas. De modo que, em vez de provocar uma carnificina entre as vinte e seis pessoas que ocupavam nesse momento o autocarro, houve apenas três vítimas mortais e uma mão-cheia de feridos, todos ligeiros. Os mortos foram o próprio Rashid, o velho que estava ao seu lado e um homem que estava de pé junto deles e cuja identidade nunca pôde ser esclarecida. Como a partir daquele atentado, o assassino da felicidade desapareceu misteriosamente e não voltou a liquidar nenhum velhote, a polícia acabou por aventurar a possibilidade de a vítima não identificada do autocarro ser o criminoso, que ainda por cima coincidia quanto à idade, ao sexo e à fotografia robot que algumas testemunhas lhe atribuíam. Hipótese que, a ser verdadeira, demonstraria uma vez mais que o destino é perverso e caprichoso e que às vezes os males trazem qualquer coisa de positivo, da mesma forma que o bem pode vir prenhe de desgraças.

 

Rosa Montero, Instruções para Salvar o Mundo

 

 

 

 

publicado por Elisabete às 11:36
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Sábado, 10 de Novembro de 2012

OPERAÇÃO VAGÔ: Desvio de avião da TAP

 

No dia 9 de Novembro, Amândio Silva, Camilo Mortágua, Fernando Vasconcelos, João Martins, Maria Helena Vidal e Palma Inácio partiram de Tânger para Casablanca, já de noite, com os carros completamente às escuras durante cerca de dez quilómetros, para não serem detectados pelos agentes da PIDE ou outros.

 

 

 

No dia 10, no aeroporto de Casablanca, os seis foram entrando como passageiros, levando seis mil panfletos (denunciando a farsa eleitoral que se devia realizar dois dias depois) nas suas malas, que não foram abertas, como tinham verificado ser habitual. Era um voo directo para Lisboa, que deveria partir às nove horas e um quarto e ter uma duração de hora e meia. Ao aproximarem-se de Lisboa foi desencadeada a operação de tomada de controlo do avião, depois de Maria Helena ter retirado da sua cinta as cinco pistolas que levava. Tudo decorreu discretamente, graças à determinação de Palma Inácio, que rapidamente convenceu o comandante do avião e a restante tripulação a fazerem o que ele lhes ordenasse.

 
 

Sobrevoou Lisboa a baixa altitude largando panfletos em catadupa, que desciam lentamente no centro de Lisboa, perante o olhar espantado de toda a gente, depois iniciou o regresso a Marrocos não sem, pelo caminho, largar ainda panfletos sobre o Barreiro, Seixal, outras localidades da Margem Sul e Faro.

Aterraram em Tânger três horas depois da sua partida de Casablanca. Tinham à sua espera Henrique Galvão, muitos jornalistas e autoridades marroquinas que lhes asseguraram um estatuto de asilo provisório até se encontrar um país que os recebesse, que acabou por ser o Brasil.

A Operação Vagô decorreu como previsto e teve um grande impacte na imprensa mundial, voltando a denunciar o regime de Salazar.

 

José Hipólito Santos, A Revolta de Beja

publicado por Elisabete às 11:29
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Sexta-feira, 9 de Novembro de 2012

A comida (não) é uma arma

 

Carta aberta a Isabel Jonet,

Não pude deixar de ficar chocada com as suas declarações em como «devemos empobrecer» e que «não podemos comer bife todos os dias» e «que vivemos acima das nossas possibilidades».

O boletim do INE (Balança Alimentar Portuguesa 2003-2008)[1] lembra-nos que a dieta dos Portugueses está cada vez menos saudável. A fome, escreveu um dos seus maiores estudiosos, o médico e geógrafo Josué de Castro, pode ser calórica ou específica, isto é, pode-se comer muitas calorias e mesmo assim ter fome. Hoje os reis são elegantes e os pobres gordos, num padrão histórico inusitado. Os Portugueses estão a comer uma quantidade absurda de hidratos de carbono. O consumo de papas aumentou 7% com a crise, com consequências graves para a saúde – diabetes, doenças degenerativas, obesidade – porque se trata de açúcares simples. As pessoas alimentam-se apenas de forma a garantir a energia necessária para continuarem a produzir. Sentem-se saciadas, mas manifestam carências alimentares de vitaminas, nutrientes, sais minerais e proteínas de qualidade. Os Portugueses têm uma alimentação hipercalórica – média de 3883 kCal por dia – pobre em peixe e carne, proteínas de origem animal, essenciais, porque são de digestão lenta e indispensáveis ao sistema nervoso.

O peixe era um dos raros alimentos na viragem do século XIX para o século XX que os pobres comiam mais que os ricos. Agora, o peixe chega à lota e é imediatamente colocado em carrinhas de frio em direcção à Alemanha e à Suíça, embora umas caixas fiquem na mesa dos ricos e do Governo que a senhora defende. O mesmo começou a passar-se com os medicamentos – o paraíso das exportações é um inferno para quem vive do salário e empobrece.

No Norte da Europa os trabalhadores foram convencidos a comer «sandes» ao almoço para aumentar a produtividade e quase só a alta burguesia tem acesso a restaurantes. Comer de faca e garfo nos países nórdicos é fine dining.

Depois do 25 de Abril de 1974, as classes trabalhadoras portuguesas estiveram algum tempo entre as mais bem alimentadas do mundo, melhor do que na própria Alemanha ou EUA. O aumento dos salários dos trabalhadores, por via das lutas, greves e ocupações de empresa, a reforma agrária, o congelamento das rendas nas cidades e uma economia fortemente nacionalizada, entre outros factores, permitiram uma produção alimentar de qualidade e sobretudo de acesso policlasssista – não era preciso ser rico para se comer bem. Ir a um restaurante à hora de almoço comer peixe grelhado podia ser feito por um operário ou por um professor. Isso escandalizou os ricaços, claro: a visão de operários a experimentar o sabor do marisco (muitos pela primeira vez na vida) nos restaurantes da Rua das Portas de Santo Antão levou alguns então a apelidá-los, com rancor mal disfarçado, de «nova burguesia da cintura industrial de Lisboa»!

Com o aumento das rendas, diminuição dos salários, perseguição da ASAE e saque fiscal, os restaurantes populares fecham portas na mesma proporção que aumentam as filas do Banco Alimentar.

A fome é um problema cuja origem reside única e exclusivamente no sistema capitalista. Hoje, há tecnologia, terras e conhecimento para que o homem não esteja dependente das vicissitudes Natureza para se alimentar. É aliás isso que distingue o homem dos outros animais, domar a Natureza, através do trabalho, e superar o reino da necessidade, isto é, comer todos os dias e poder compor música ou escrever um livro. Isso é a liberdade.

A fome em Portugal deve-se única e exclusivamente a escolhas políticas pelas quais a senhora é co-responsável, com a sua defesa da política de «empobrecimento». A fome deve-se:1) à manutenção de salários abaixo do limiar de subsistência, abaixo do cabaz de compras, o que torna os sectores mais pobres dependentes das instituições que os alimentam; 2) ao encerramento de fábricas, empresas e aos despedimentos para elevar a taxa de lucro na produção; 3) ao desvio de investimentos para a especulação em commodities, entre elas, grãos; 4) à deflação dos preços na produção, ou seja, se não obtêm uma taxa média de lucro que considerem apetecível, as empresas de produção de alimentos preferem não produzir.

Mas a fome deve-se ainda a um factor mais importante tantas vezes esquecido, a questão da propriedade da terra. Enquanto mercadoria produzida para gerar lucro, a produção de alimentos deve render um lucro médio ao proprietário da produção semelhante ao lucro alcançado na indústria. Para além desse lucro médio temos que arcar também com a renda da terra (um pagamento inaceitável por aquilo que a natureza nos deu de borla). É também essa renda responsável pela existência de subsídios à produção. Porque a agricultura é menos produtiva do que a indústria, a renda da terra é subsidiada. Com a crise do crédito, esses subsídios diminuem e o preço dos alimentos dispara até preços incomportáveis. Por isso, sem emprego e expropriação de terras (reforma agrária) sob controle público, a fome só irá aumentar.

Quem percorre Portugal percebe também que se aqui há fome não é por falta de terras, máquinas ou pessoas para trabalhar. Em Portugal, 3 milhões de pessoas são consideradas oficialmente pobres. Produzimos uma riqueza na ordem dos 170 mil milhões de euros (PIB português que poderia ser bem maior não fosse a política de desemprego consciente do governo) e temos de “empobrecer”? Para onde vai este dinheiro, dona Isabel Jonet? 170 mil milhões de euros produzem os Portugueses juntos e não podem comer bife?

As tropas de famintos são uma mina de ouro para as instituições que vivem à sombra do Estado a gerir a caridade: os nossos impostos, em vez de serem usados para o Estado garantir o bem-estar dos que por infortúnio, doença ou desemprego precisam (solidariedade), são canalizados para instituições dirigidas sobretudo pela Igreja católica (caridade). A solidariedade é de todos para todos, a caridade usa a fome como arma política. Por isso nunca dei um grão de arroz ao Banco Alimentar contra a Fome. A fome é um flagelo, não pode ser uma arma para promover o retrocesso social que significa passarmos da solidariedade à caridade(zinha).

A sua cruzada, dona Isabel Jonet, lembra infelizmente os tempos do Movimento Nacional Feminino e as suas campanhas de socorro «às nossas tropas». As cartas das «madrinhas de guerra» e os pacotes com «mimos» até podiam alegrar momentaneamente o zé soldado, mas destinavam-se a perpetuar a guerra. Os pacotes de açúcar e de arroz do seu Banco Alimentar aliviam certamente a fome das tropas de destituídos que este regime, o seu regime, está a criar todos os dias. Mas a senhora e as políticas que defende geram fome, não a matam.

Raquel Varela, historiadora,

coordenadora do livro Quem Paga o Estado Social em Portugal?

8 de Novembro de 2012

publicado por Elisabete às 17:44
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Quarta-feira, 7 de Novembro de 2012

CARTA ABERTA A ANGELA MERKEL

6 de Novembro de 2012

 

CARTA ABERTA A ANGELA MERKEL

 

Cara chanceler Merkel,

 

Antes de mais, gostaríamos de referir que nos dirigimos a si apenas como chanceler da Alemanha. Não votámos em si e não reconhecemos que haja uma chanceler da Europa. Nesse sentido, nós, subscritores e subscritoras desta carta aberta, vimos por este meio escrever-lhe na qualidade de cidadãos e cidadãs. Cidadãos e cidadãs de um país que pretende visitar no próximo dia 12 de Novembro, assim como cidadãos e cidadãs solidários com a situação de todos os países atacados pela austeridade. Pelo carácter da visita anunciada e perante a grave situação económica e social vivida em Portugal, afirmamos que não é bem-vinda. A senhora chanceler deve ser considerada persona non grata em território português porque vem, claramente, interferir nas decisões do Estado Português sem ter sido democraticamente mandatada por quem aqui vive.

 

 

Mesmo assim, como o nosso governo há algum tempo deixou de obedecer às leis deste país e à Constituição da República, dirigimos esta carta directamente a si. A presença de vários grandes empresários na sua comitiva é um ultraje. Sob o disfarce de "investimento estrangeiro", a senhora chanceler trará consigo uma série de pessoas que vêm observar as ruínas em que a sua política deixou a economia portuguesa, além da grega, da irlandesa, da italiana e da espanhola. A sua comitiva junta não só quem coagiu o Estado Português, com a conivência do governo, a privatizar o seu património e bens mais preciosos, como potenciais beneficiários desse património e de bens públicos, comprando-os hoje a preço de saldo.

Esta interpelação não pode nem deve ser vista como uma qualquer reivindicação nacionalista ou chauvinista – é uma interpelação que se dirige especificamente a si, enquanto promotora máxima da doutrina neoliberal que está a arruinar a Europa. Tão pouco interpelamos o povo alemão, que tem toda a legitimidade democrática para eleger quem quiser para os seus cargos representativos. No entanto, neste país onde vivemos, o seu nome nunca esteve em nenhuma urna. Não a elegemos. Como tal, não lhe reconhecemos o direito de nos representar e menos ainda de tomar decisões políticas em nosso nome.

E não estamos sozinhos. No próximo dia 14 de Novembro, dois dias depois da sua anunciada visita, erguer-nos-emos com outros povos irmãos numa greve geral que inclui muitos países europeus. Será uma greve contra governos que traíram e traem a confiança depositada neles pelas cidadãs e cidadãos, uma greve contra a austeridade conduzida por eles. Mas não se iluda, senhora chanceler. Também será uma greve contra a austeridade imposta pela troika e por todos aqueles que a pretendem transformar em regime autoritário. Será, portanto, uma greve também contra si. E se saudamos os nossos povos irmãos da Grécia, de Espanha, de Itália, do Chipre e de Malta, saudamos também o povo alemão que sofre connosco. Sabemos bem que o Wirtschaftswunder, o “milagre económico” alemão, foi construído com base em perdões sucessivos da dívida alemã por parte dos seus principais credores. Sabemos que a suposta pujança económica alemã actual é construída à custa de uma brutal repressão salarial que dura há mais de dez anos e da criação massiva de trabalho precário, temporário e mal-remunerado, que aflige boa parte do povo alemão. Isto mostra também qual é a perspectiva que a senhora Merkel tem para a Alemanha.

É plausível que não nos responda. E é provável que o governo português, subserviente, fraco e débil, a receba entre flores e aplausos. Mas a verdade, senhora chanceler, é que a maioria da população portuguesa desaprova cabalmente a forma como este governo, sustentado pela troika e por si, está a destruir o país. Mesmo que escolha um percurso secreto e um aeroporto privado, para não enfrentar manifestações e protestos contra a sua visita, saiba que essas manifestações e protestos ocorrerão em todo o país. E serão protestos contra si e aquilo que representa. A sua comitiva poderá tentar ignorar-nos. A Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu podem tentar ignorar-nos. Mas somos cada vez mais, senhora Merkel. Aqui e em todos os países. As nossas manifestações e protestos terão cada vez mais força. Cada vez conhecemos melhor a realidade. As histórias que nos contavam nunca bateram certo e agora sabemos serem mentiras descaradas.

 

Acordámos, senhora Merkel. Seja mal-vinda a Portugal.

 

Subscritores/as:

 

Alexandra Pereira, artista plástica, activista PIIGS United In London Group
Alexandre Lopes de Castro, jornalista
Alfredo Barroso, escritor
Alice Brito, advogada
Alice Vieira, escritora e jornalista
Alípio de Freitas, jornalista, professor, Associação Abril, Associação Mares Navegados
Ana Campos, médica
Ana Carla Gonçalves, professora, activista
Ana Feijão, arquitecta paisagista, activista Precários Inflexíveis
Ana Luísa Amaral, poetisa, escritora, professora
Ana Maria Pinto, cantora lírica, activista
Ana Nicolau, realizadora
Andy Storey, professor University College Dublin, Debtireland (Irlanda)
António Costa Santos, jornalista, escritor
António José Lourenço, dirigente associativo, ecologista
António Mariano, estivador, Sindicato dos Estivadores
António Melo, jornalista
António Monteiro Cardoso, jurista, professor universitário
António Pedro Dores, sociólogo, presidente da ACED
António Pedro Vasconcelos, realizador
António Serzedelo, Opus Gay
Belandina Vaz, professora, Protesto dos Professores Contratados e Desempregados
Bruno Cabral, realizador, dirigente CENA - Sindicato
Bruno G. M. Neto, coordenador de Advocacy, Medicos del Mundo
Carlos Antunes, resistente anti-fascista
Carlos Costu, activista 15M London (Reino Unido)
Carlos Mendes, músico
Chris Nineham, secretário nacional Counterfire (Reino Unido)
Clare Solomon, vice-presidente Coalition of Resistance (Reino Unido)
Costas Lapavitsas, professor de Economia na SOAS - Universidade de Londres (Grécia)
Costas Todoulos, activista Jubillee Debt Campaign London (Grécia)
Dan Poulton, escritor e comentador (Reino Unido)
Daniel Oliveira, jornalista
Eduarda Dionísio, reformada, Casa da Achada
Eduardo Costa Dias, sociólogo, Centro de Estudos Africanos, ISCTE
Eric Toussaint, presidente CADTM – Comité pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (Bélgica)
Esther Vivas, activista social (Estado Espanhol)
Eugénio Rosa, economista
Fátima Rolo Duarte, designer gráfica
Fernando Rosas, historiador
Feyzi Ishmail, doutoranda SOAS, activista Counterfire (Reino Unido)
Filipe Tourais,técnico de economia e finanças no Instituto Politécnico de Coimbra
Francisco Calafate Faria, investigador, activista London Against Troika
Francisco Frazão, programador de teatro
Frederico Aleixo, activista SOS Racismo
Guadalupe Portelinha, professora, Associação Abril, Associação Mares Navegados
Guadalupe Simões, enfermeira, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros de Portugal
Helena Neves, professora universitária, activista feminista
Helena Pato, professora, Associação Não Apaguem a Memória
Inês Lourenço, investigadora CRIA
Irene Flunsel Pimentel, historiadora
Isabel do Carmo, médica
Joana Amaral Dias, psicóloga
Joana Campos, bolseira de investigação, activista Precários Inflexíveis
Joana Manuel, actriz, activista
Joana Saraiva, actriz, activista
Joana Villaverde, artista plástica
João Alexandre Grazina, tesoureiro, Associação Abril
João Camargo, engº ambiente, activista Precários Inflexíveis
João Leal, antropólogo, FCSH
João Reis, actor
Jorge Costa, jornalista
John Rees, escritor, autor do livro “Imperialism and Resistance” (Reino Unido)
José António Fernandes Dias, professor universitário, director do Africa.cont
José Gabriel Pereira Bastos, antropólogo, professor universitário aposentado
José Gema, fotógrafo
Lucía Gomes, advogada
Lucília José Justino, professora e activista dos direitos humanos
Luís Bernardo, historiador, ATTAC
Luís Marques, antropólogo, ex-director da Director Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo
Luís Moutinho, Doutor em Química (UP), Professor Auxiliar no Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte
Luís Varatojo, músico
Luísa Ortigoso, actriz
Luísa Oliveira, socióloga, ISCTE, CIES
Magda Alves, socióloga, activista feminista
Manuel Grilo, professor,vice-presidente do SPGL
Manuel Loff, historiador
Manuela Góis, activista feminista
Manuela Tavares, activista feminista
Marco Marques, engº florestal, activista Precários Inflexíveis
Margarida Ferreira, activista Occupy London
Margarida Paredes, antropóloga, escritora
Margarida Vale de Gato, professora, tradutora, poeta
Maria da Paz Lima, socióloga, docente universitária do ISCTE-IUL
Maria Isabel Barreno, escritora
Maria Teresa Horta, escritora
Michel Gustave Joseph Binet, Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa
Micol Brazzabeni, bolseira pos-doc, assembleia Popular da Graça
Miguel Cardina, Investigador CES
Miguel Tiago, geólogo
Myriam Zaluar, jornalista, activista Precários Inflexíveis
Natalia Lopez, activista 15M London (Reino Unido)
Nuno Ramos de Almeida, jornalista
Paula Marques, actriz, assessora autárquica
Paula Nunes, produtora
Paulo Granjo, antropólogo, ICS
Paulo Raposo, antropólogo, docente ISCTE-IUL, investigador do CRIA
Pedro Abrantes, investigador CIES-ISCTE/IUL
Raquel Freire, realizadora, activista social
Ricardo Morte, empresário
Roberto Santandreu, fotógrafo
Ronan Mcnern, activista Occupy London (Reino Unido)
Rui Bebiano, historiador, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais e Centro de Documentação 25 de Abril
Rui Dinis, músico, activista
São José Lapa, actriz, encenadora
Sam Fairbairn, secretário nacional Coalition of Resistance (Reino Unido)
Sérgio Vitorino, activista Panteras Rosa
Teresa Xavier, doutoranda, activista socialista
Tiago Mota Saraiva, arquitecto
Victor Olmos, activista 15M London (Reino Unido)
Virginia Lopez Calvo, activista 15M London (Reino Unido)
Vítor Nogueira, economista e activista dos direitos humanos

Organizações:

PIIGS United in London Group
Londres Contra a Troika
Occupy London
Greece Solidarity Campaign Coalition of Resistance (CoR)
15M London Assembly/ Real Democracy Now London
Coalition of Resistance (CoR)
Solidarity With The Greek Resistance - London
Wake Up (London)
ATTAC España
Grupo de Trabajo de Economía Sol del 15M de Madrid
Asamblea de Trabajadorxs de la UNIVERSIDAD AUTÓNOMA DE MADRID

publicado por Elisabete às 16:44
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