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Com 20 anos em 1884
CAMILLE CLAUDEL (Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper) foi uma escultora talentosa, nascida em Aisne (França), a 8 de Dezembro de 1864. Foi aprendiz de Rodin, com quem manteve um relacionamento tumultuoso. A separação dos dois, provoca-lhe um grande sofrimento. Camille começa a ter alucinações, cada vez mais frequentes e, em 1913, é internada num manicómio.
Morreu depois de 30 anos de internamento, com 79 anos, em Paris, a 19 de Outubro de 1943 Camille era filha de Louis Prosper, hipotecário, e Louise Athanaïse Cécile Cerveaux. Passou toda sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando num presbitério que seu avô materno, o doutor Athanaïse Cerveaux, havia adquirido. Foi a primeira filha do casal, sendo quatro anos mais velha que Paul Claudel. Ela impõe a sua forte personalidade ao irmão e à sua irmã mais nova, Louise. Comandava os dois desde pequena. Segundo Paul, ela manifestou desde cedo o seu desejo de ser escultora. Camille tinha algumas premonições e previu também que o irmão se tornaria escritor e que a irmã seria musicista.
Período criativo
Seu pai, maravilhado com o seu grande e precoce talento que produziu, ainda na infância, esculturas de ossos e esqueletos com impressionante verossimilhança, dá-lhe todos os meios para desenvolver as suas potencialidades, colocando-a em escolas e cursos de primeira qualidade. A mãe, por outro lado, não vê isso com bons olhos, colocando-se sempre contra e reagindo, muitas vezes, violentamente no sentido de reprovar a filha pelos incómodos e custos da manutenção do seu "capricho". Camille, que sonha ser uma grande escultora, sente-se ameaçada pela mãe, por não aprovar os elevados gastos com a sua educação.
Em 1881, com 17 anos, sai de casa para ir em busca do seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola para escultores. Teve por mestre, de início, Alfred Boucher e, depois, Auguste Rodin. É desta época que datam as suas primeiras obras conhecidas: La Vieille Hélène ou Paul à Treize Ans.
Rodin, impressionado pela solidez e beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz no seu atelier, na rua da Universidade em 1885. É então que colabora na execução de Les Portes de l'Enfer e do monumento Les Bourgeois de Calais.
Tendo deixado a família por amor à escultura, trabalha vários anos ao serviço de seu mestre e mantem-se à custa de sua própria criação, pois ganha salário como aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se sabe qual é a do professor ou da aluna. Às vezes, confunde-se quem inspirou um ou copiou o outro, tal é a qualidade do trabalho de Camille. As esculturas dos dois são muito idênticas e isso aproxima os dois.
O tempo passa e Camille e Rodin envolvem-se e têm um caso ardente de amor. Porém, Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes dificuldades: por um lado, Rodin não consegue decidir-se a deixar Rose Beuret, a sua namorada dos anos difíceis do princípio; por outro lado, alguns insinuam que as suas obras eram executadas pelo próprio mestre. Triste e depressiva pelas acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará distanciar-se de Rodin e fazer suas obras longe dele. Percebe-se muito claramente essa tentativa de autonomia na sua obra (1880-94), tanto na escolha dos temas como no tratamento: La Valse ou La Petite Châtelaine. Esse distanciamento leva ao rompimento definitivo, em 1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra: L’Age Mûr.
Ferida e desorientada, Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a levará à paranóia e à loucura. Instala-se então no número 19 do hotel Quai Bourbon e continua a sua busca artística em grande solidão, pois ama loucamente Rodin e, ao mesmo tempo, odeia-o por ele a ter abandonado. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau, Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza duas grandes exposições, esperando que o reconhecimento seja benéfico, a nível sentimental e financeiro, para Camille Claudel, que ele quer ajudar. As exposições têm grande sucesso de crítica, mas Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Fica estranha e obsessiva, desejando a morte de Rodin. Recorda o passado, a oposição da mãe à sua carreira. As lembranças ruins passam a sufocá-la cada vez mais.
Doença
Depois de1905, os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela acredita nos seus delírios. Nos seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin roubará as suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja, acha que Rodin roubará as suas esculturas e que dirá que foi ele quem as fez. Passa a achar que o inspector do Ministério das Belas-Artes está em conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para roubar as suas obras. Nesta fase, fala sozinha e chegou à esquizofrenia. Chora muito, e pensa em suicídio. Camille cria histórias imaginárias que aceita como pura verdade. As suas crises de loucura aumentam, vive num grande abatimento físico e psicológico, não se alimentando e desconfiando de todas as pessoas, achando que todos a matarão. Isola-se e, como mora sozinha no hotel, ninguém sabe da sua condição, pois rompe a amizade com os amigos e passa a viver sozinha no seu quarto. Mantém-se vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
O pai, seu porto-seguro e única pessoa que a entendeu, morre em 3 de Março de 1913, o que piora a depressão e a faz sair, ainda mais, da realidade. Entra numa crise violenta, partindo tudo e gritando. Em 10 de Março, é internada no manicómio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial faz com que seja transferida para Villeneuve-lès-Avignon onde morre, após trinta anos de internamento e desespero, passando todo esse tempo amarrada e sedada. Morreu em 19 de Outubro de 1943, aos 79 anos incompletos.
Acredita-se hoje que Camille tenha sido vítima da Acção T4, no manicómio, como muitos outros durante a ocupação nazi da França. A Acção T4 foi o nome usado após a Primeira Guerra Mundial para o programa de eugenismo e eutanásia da Alemanha nazi, durante o qual médicos assassinaram centenas de pessoas consideradas por eles "incuravelmente doentes, através de exame médico crítico". O programa ocorreu oficialmente de Setembro de 1939 a Agosto de 1941, mas continuou de modo não-oficial até ao fim do regime nazi, em 1945. Claude foi informado da condição "terminal da irmã" em Setembro de 1943, mas não esteve presente nem na morte, nem no funeral de Camille. A sua mãe morreu em 20 de Junho de 1929 e sua irmã nunca viajou até o manicómio para vê-la.
Camille Claudel foi enterrada no cemitério de Monfavet numa vala comum.
Do livro Camille Claudel, A Life:
Dez anos após sua morte, os ossos de Camille foram transferidos para uma vala comum, onde foi misturado com os ossos de pessoas mais pobres. Presa ao solo de onde ela tentou fugir por tanto tempo, Camille nunca mais retornou à sua amada Villeneuve. A negligência de Paul com o túmulo de sua irmã é imperdoável... Enquanto Paul decidiu não se sobrecarregar com o túmulo da irmã, ele fez grandes planos para seu local final de descanso, dando um local exacto - em Brangues, sob uma árvore, ao lado de seu neto, e citando cada palavra que estaria na lápide. Hoje, seus fãs prestam homenagens à sua memória em seu túmulo nobre; mas de Camille não há traço sequer. Em Villeneuve, uma placa simples lembra aos visitantes curiosos que Camille Claudel ali viveu, mas seus restos ainda estão no exílio, em algum lugar, alguns passos de distância do lugar que a sequestrou trinta anos antes.
TALENTO
Camille Claudel, La Valse, escultura (bronze), 1905
A força e a grandiosidade de seu talento estavam na verdade num lugar muito incómodo: entre a figura lendária de Rodin e a de seu irmão que se tornou um dos maiores expoentes da literatura de sua geração. E não é difícil perceber que as questões de género influenciaram esse lugar menor dedicado a Camille.
O seu génio sufocado por dois gigantes, a sua vida sufocada por um abandono, as suas forças e a sua lucidez esgotadas por uma relação umbilical com seu mestre e amante. Uma relação da qual não conseguiu desenvencilhar-se, consumindo a vitalidade na vã tentativa de desembaraçar-se desse destino perverso. Camille Claudel, com a sua forte personalidade, a sua intransigência, o seu génio criativo, ultrapassou a compreensão de sua época e permanecerá ainda e sempre um Sumo Mistério. Ela tinha uma inteligência, um talento fora do comum e poucas pessoas da época entendiam o seu grande dom de verdadeira artista.
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