MONET
130 Anos de Impressionismo
Claude Monet nasceu em 1840 em Paris, mas viveu a partir dos cinco anos no Havre, onde desenvolveu o apreço pela natureza que tão bem pintou ao longo da sua vida. Filho de comerciante, aos quinze anos já era conhecido na região pelas caricaturas que vendia numa loja local. E foi nessa loja que conheceu o pintor Eugène Boudin, o qual o incentivou e orientou a pintar paisagens.
Aos dezassete anos, foi viver para Paris onde recebeu aulas de pintura e onde foi conhecendo e convivendo com outros artistas, como Pissarro, Sisley e Manet. Esteve dois anos na Argélia a cumprir o serviço militar e regressou à capital francesa, começando a ter algum sucesso com os quadros que expunha, quer no Havre quer em Paris.
Aos vinte e sete anos, o pai, que sempre o tinha apoiado financeiramente, não tolerou a ideia de Claude ir ter um filho da sua namorada Camille, cortando-lhe os financiamentos. Por isso, regressou para casa dos pais no Havre e não acompanhou o nascimento do filho Jean. Voltou a Paris mais tarde para se reunir a Camille, com quem veio a casar em 1870, aos trinta anos.
Os Monets residiram cerca de um anos em Inglaterra e na Holanda, onde Claude desenvolveu o seu estilo, deixando-se conquistar pelo ambiente e exprimindo-se com “pinceladas vibrantes de cores puras, de modo a obter a fusão dos tons nos olhos dos espectadores, em vez de os misturar na paleta”. Os céus limpos e nublados, a atmosfera húmida e vaporosa, a água em movimento e, sobretudo, as vibrações da luz mereciam a sua atenção.
Impressão, Sol nascente
A primeira grande exposição do seu grupo de amigos – agora também com Degas e Cézanne, entre outros – teve lugar em Paris, em Abril de 1874. E foi o título de uma das obras expostas por Manet – Impressão, Sol nascente – que originou o termo Impressionismo, utilizado por um crítico da época e que veio a designar o movimento artístico liderado por este grupo.
Os impressionistas utilizaram uma técnica que “dissolve a forma, a superfície e os volumes, minimizando os corpos físicos e representando os ambientes de uma forma fluida, dissolvendo os objectos na luz, que se salienta em pinceladas justapostas de cor pura”. Romperam com o intelectualismo materialista, realizando-se cada artista livremente, segundo o pendor individual da sua sensibilidade.
Claude foi considerado por alguns o mais impressionista dos impressionistas. A sua paixão pela pintura orientou toda a sua vida. Entre 1872 e 1878 utilizou como estúdio um barco que comprou e no qual passava inúmeras horas a flutuar, pintando, no rio Sena. Em 1879, quando ele tinha trinta e nove anos, Camille faleceu, um ano depois de lhe ter dado o segundo filho, Michel.
Claude iniciou então uma relação com Alice Hoschedé, esposa de um seu amigo. Ambos se afastaram do grupo de Paris, indo viver para Giverny. Ela assumiu a educação dos filhos de ambos, enquanto ele aproveitava para se deslocar às costas francesa e inglesa, pintando cada vez mais remotos sítios. Casaram em 1892, após a morte do marido de Alice.
Le Bassin aux Nymphéas, Harmonie Verte
Mas foi também no jardim da sua casa de Giverny, por ele criado, que muito se inspirou, nomeadamente no estúdio que aí mandou construir e onde pintou até à morte, que ocorreu aos oitenta e seis anos, depois de ter ficado de novo viúvo aos setenta. Procurava desenvolver a sua relação com a natureza para melhor se compreender a si próprio e ao mundo, numa despojada e depuradora perspectiva evolucionista.
Alguns dos quadros de Monet são dos mais famosos do Impressionismo, destacando-se as séries da Gare de Saint-Lazare (1876-1878), dos Degelos (1880), da Catedral de Ruão (1892-1894) e, principalmente, as Nymphéas, pintadas nas suas duas décadas de vida. O quadro Le Bassin aux Nymphéas, Harmonie Verte (1899) é considerado das mais belas obras alguma vez pintadas por um ser humano.
Luís Portela, O Prazer de Ser