Quarta-feira, 31 de Maio de 2017

QUINTA DE BONJÓIA [PORTO]

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Bonjói, ou Bonjóia, é um topónimo antigo, conhecido desde os tempos medievos.

Nos fins do século XIV, existia ali uma quinta, que pertencia ao Chantre Martim Viegas. Por sua morte, ficou para Maria Martins e seu marido Afonso Dinis. Foram estes que a doaram ao Cabido da Sé do Porto, com a obrigação de algumas missas (31 de Dezembro de 1402).

No século seguinte, foram sucessivamente enfiteutas: Álvaro Gonçalves Almotim, o Mestre Escola da Sé Diogo Dias e o Cónego Afonso Luiz. Este último, por ausente do Porto, renunciou em favor do Arcediago do Porto.

A 9 de Julho de 1479, foi celebrado novo contrato, agora com o Cónego Fernão Aranha, novo enfiteuta do prazo de Bonjói, pelo foro de mil réis em dinheiro e oito galinhas por ano, prazo renovado a 14 de Abril de 1502, em sua sobrinha (ou filha?) Mécia Aranha, mulher de Manuel Gonçalves, Cidadão do Porto, em cuja descendência permaneceu até meados do século VIII.

PORTO.Quinta Bonjóia1.jpg 

Em 1758, a Quinta foi adquirida por Dom Lourenço Amorim da Gama Lobo. Natural de Ponte de Lima, era Fidalgo-Cavaleiro da Casa Real, Senhor da Casa do Campo das Hortas (na Praça Nova, hoje da Liberdade – edifício entretanto demolido, para a abertura da Avenida dos Aliados). No Porto, foi ainda Prior da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (1757-1758), Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo e Mestre-de-Campo de Infantaria Auxiliar do Porto.

Casou por cá, com Dona Maria Violante Guimarães, filha de João Antunes Guimarães, importante negociante do Porto, cuja quinta confrontava a poente com Bonjóia.

Foi Dom Lourenço Amorim da Gama Lobo quem mandou construir a Casa actualmente existente. A obra de pedraria foi executada por Miguel dos Santos, contratado a 1 de Março de 1759. O risco foi atribuído, por Robert Smith, ao italiano Niccolò Nasoni, celebrado autor da Torre dos Clérigos e do Palácio do Freixo, a quem também atribuíra a autoria das Quintas da Prelada (dos Noronha e Menezes) e de Ramalde (dos Pereira Leite), com parecenças nítidas com a Casa de Bonjóia.

O edifício nunca foi concluído, faltando-lhe a ala Nascente, cujos arranques ainda lá estão. A porta principal volta-se para Norte, para a Rua de Bonjóia, onde Dom Lourenço quis marcar a sua propriedade e fidalguia, com o seu brasão-de-armas: esquartelado, I Amorim, II Gama, III Lobo, IV Magalhães. Contudo, é o alçado Sul do edifício que maior grandeza possui, mesmo faltando-lhe a torre e o corpo Nascente.

A sua localização é estratégica, voltando-se para um patamar de jardim e para o Vale de Campanhã, com o Douro como fundo.

Após a morte de Dom Lourenço, sucede-lhe na Casa o filho Dom António Amorim da Gama Lobo, casado com Dona Maria do Carmo de Portugal e Menezes, da Casa da Torre da Marca. Como não lhes sobreviveu qualquer filho, os bens vinculados passaram para a irmã, Dona Maria Antónia de Amorim e os restantes (a Quinta de Bonjóia) para a viúva. Desta, foi herdeira uma sobrinha, Dona Maria da Natividade Guedes de Portugal e Menezes, filha dos 1.os Viscondes da Costa, que veio a casar com um seu parente, o Conselheiro José Guedes Brandão de Mello (Conde de São Vicente, pelo seu casamento com a 9ª titular), Dom Francisco Brandão de Mello e Dom José Brandão de Mello. Embora todos tenham casado, só este último deixou descendência, que acabou vendendo a Quinta ao Juiz Abílio Augusto Mendes de Carvalho, em 1935.

Nas décadas que se seguiram, a casa sofreu algumas alterações pontuais e, sobretudo, uma enorme degradação quando, em 1995, foi adquirida pela Câmara Municipal do Porto.

Actualmente, acolhe a Direcção Municipal de Desenvolvimento Social, da Câmara Municipal do Porto. 

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publicado por Elisabete às 11:44
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