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A revolta militar do Norte, em 1946, foi um teste para a operação com grande participação, organizada para eclodir em Abril de 1947. O Movimento em embrião tinha a cobertura e a orientação da denominada Junta de Libertação Nacional, criada em 1946.
Trata-se de uma organização ilegal “constituída com fins manifestamente subversivos (…) para a sublevação das Forças Armadas, (para), por estes meios, alterar a Constituição Política do Estado e mudar a forma de Governo…”. Era assim que a Ditadura a classificava.
Dessa Junta faziam parte: vice-almirante José Mendes Cabeçadas Júnior; general José Garcia Marques Godinho; brigadeiro Eduardo Corregedor Martins; brigadeiro António de Sousa Maia; coronel Celso Mendes de Magalhães; coronel Carlos Tavares Afonso dos Santos e o civil doutor João Soares.
Nos “autos” de 1947, citados por Fernando Queiroga, não existe referência ao coronel de Infantaria Luís Gonzaga Tadeu e ao tenente José Joaquim Gaita, que constam na ordem do exército 2ª série, nº 6, de 5 de Julho de 1947, como desligados do serviço desde 14 de Junho de 1947, por decisão do Conselho de Ministros. Não existem referências a muitos outros oficiais, sargentos, praças e civis que assumiram o compromisso de operacionalizarem o derrube de Salazar sob os auspícios da referida Junta.
A logística da operação foi preparada e financiada sobretudo por industriais e empresários portugueses, dos quais destacamos Lúcio Tomé Feteira, um dos industriais que posteriormente viria a ajudar Palma Inácio no Brasil e a financiar outras operações para depor Salazar.
O centro da acção foi determinado para a região de Tomar. Havia, consequentemente, necessidade de neutralizar as unidades que não haviam manifestado receptividade ao golpe militar ou onde não havia confiança plena em oficiais hesitantes.
Todos os oficiais foram desligados de serviço e passados à reforma, por deliberação do Conselho de Ministros, em 14 de Junho de 1947. Todos eles foram entregues aos tribunais militares ou plenários civis, que os haviam de julgar por “crimes contra a organização do Estado”, os previstos e punidos pelo artº 167 do Código Penal.
Palma Inácio foi um desses civis que aceitou, por proposta do tenente Quilhó, que fazia a ponte com o brigadeiro da Aeronáutica António de Sousa Maia, participar no levantamento militar.
No âmbito do Movimento, foi-lhe adstrita a missão de sabotar todos os aviões que se encontravam na Base Aérea nº 1, em Sintra, no sentido de não poderem vir a operar contra as forças revoltosas. Tratava-se de uma unidade militar com a qual o movimento não contava.
Palma Inácio terá afirmado ao tenente Quilhó: “estes gajos estão sempre a preparar levantamentos militares que não dão em nada”. Porém, assumiu fazer parte da conspiração até porque a missão de que fora incumbido “caía-lhe como uma luva”. Primeiro, porque tinha ali feito toda a sua formação militar. Segundo, porque, mesmo eliminado do serviço militar, continuava a ter horas de voo no Air Clube, sediado na referida base. Terceiro, porque nela se mantinham ainda alguns ex-camaradas amigos.
Luís Vaz, Palma Inácio e o Golpe dos Generais (1947)
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