Na ambição de dominar a Europa, Napoleão Bonaparte envolveu-se em lutas com vários países, entre os quais Portugal. Sofremos 3 invasões: a primeira, em 1807, foi comandada por Junot e teve como consequência a fuga da família real portuguesa para o Brasil; a segunda, em 1809, comandada por Soult e a terceira, em 1810, comandada por Massena. Com o auxílio de tropas inglesas, Portugal conseguiu afastar a ameaça francesa.
Vem isto a propósito de, há precisamente 195 anos (18 de Agosto de 1812), Napoleão ter, durante a sua campanha na Rússia, derrotado o exército russo em Smolensk. Muitas vitórias... também derrotas... um primeiro exílio na Ilha de Elba... o regresso... e a derrota definitiva em 18 de Junho de 1815, na Batalha de Waterloo. É condenado ao exílio, na ilha inglesa de Santa Helena, no Atlântico Sul, onde morre, enquanto uma terrível tempestade varre a ilha, às 17.49 horas do dia 5 de Maio de 1821.
O que é extraordinário é que a Ilha de Santa Helena foi descoberta pelo português João da Nova, no dia 18 de Agosto de 1502, isto é, faz hoje 505 anos. O navegador, ao regressar da Índia, "teve outra boa fortuna que lhe deparou Deus, uma ilha mui pequena, a que ele poz o nome de Santa Helena." [João de Barros, Décadas]. Acrescenta ainda Barros que aí passaram a fazer escala habitual as naus que regressavam do Oriente., "pelo muito refresco que nela achavam". A ilha recebeu os primeiros habitantes em 1513. No séc. XVII, foi sucessivamente ocupada por Holandeses, Ingleses e de novo por Holandeses. Em 1673, passou definitivamente à posse da Inglaterra.
Como diria o Sérgio Godinho, "cada coisa p'ra seu lado... isto anda tudo ligado.".
José Maria Eça de Queirós (Póvoa de Varzim, 25 de Novembro de 1845/ Paris, 16 de Agosto de 1900). "A Correspondência de Fradique Mendes", "Os Maias", "A Cidade e as Serras", "A Relíquia", "O Crime do Padre Amaro", "A Tragédia da Rua das Flores", "Prosas Bárbaras", "O Primo Basílio, "Contos", etc., etc., etc.... Quão mais pobre seria o nosso país sem este gigante da Literatura Portuguesa. Morreu faz hoje 107 anos, mas vive ainda na nossa memória. |
Carta do pai do escritor, anexa ao seu assento de baptismo:
"Senhora:
Ponte do Lima, 18 de Novembro de 1845.
Recebi carta de meu pai, que novamente me recomenda a criação de meu filho, e se me oferece para mandá-lo criar no Porto, em companhia da minha família, quando a senhora nisto convenha. Espero, pois, a sua resposta para nessa inteligência escrever a meu pai.
Ele me recomenda igualmente - e também o desejo - que no Assento de Baptismo se declare ser meu filho, sem todavia se enunciar o nome da mãe. Isto é essencial para o destino futuro de meu filho, e para que, no caso de se verificar o meu casamento consigo - o que talvez haja de acontecer brevemente - não seja precisa em tempo algum justificação de filiação. Espero se ponha ao nosso filho o meu, ou o seu nome, conforme deve ser.
Adeus. Acredite sempre nas minhas sinceras tenções e agora mais do que nunca. Queiroz."
Para o pai recomendar novamente ao filho a criação do neto, que estava para nascer, é porque o filho não tinha intenção de o fazer. Só por pressão do avô é que o pai do escritor se decidiu assumir a paternidade. E, pelos vistos, a mãe também não queria criar o filho que trazia no ventre. Disso, pai e filho não tinham a menor dúvida. O tempo e os factos encarregaram-se de lhes dar razão. Pois, nem após o casamento - efectuado em 3 de Setembro de 1849 - a mãe assume a sua maternidade. A mãe só assume a maternidade quando o filho é um escritor célebre e celebrado. Só em 25 de Dezembro de 1885 é que oficialmente o reconhece como seu filho legítimo, por se ter tornado necessário ao seu casamento.
[...]
Não fora a intervenção do avô paterno, e Eça de Queiroz poderia ter tido o destino dos filhos indesejados - a Roda. Instituição que, na Póvoa de Varzim, ficava em frente da casa onde Carolina Augusta Pereira de Eça, sua mãe, o dera à luz.
Foi sua mãe que, depois da morte do escritor, veio pôr ponto final no diferendo entre Poveiros e Vilacondenses. Pois uns e outros reclamavam para a sua terra a naturalidade de Eça de Queiroz. Em carta de 6 de Novembro de 1906, D. Carolina Augusta vem dizer: "meu filho José Maria de Eça de Queiroz nasceu na Póvoa de Varzim". Quem, melhor que ela, sabia onde o filho nasceu?!
Em suma, a omissão do nome da mãe de Eça de Queiroz no seu assento de baptismo não se deve a nenhuma "habilidade jurídica" do avô, para evitar a presunção da paternidade a favor do marido da mãe, mas tão só a recusa desta em assumir a maternidade do filho, que concebera no estado de solteira, menor de 19 anos e órfã de pai.
Francisco Marques, in "A Mãe de Eça de Queiroz"
*****************
Como se vê pelo último parágrafo, há quem defenda que a mãe do escritor era casada e, por isso, não queria reconhecer o filho. No entanto, não parece ser essa a verdade. Sendo assim, talvez se tenha ficado a dever ao avô a possibilidade de Eça ser o escritor que foi. Claro que o talento, o génio, estava lá. Mas a educação que recebeu possibilitou que se manifestasse. Se tivesse ido parar à Roda, é possível que fosse também um grande escritor. Seria, no entanto e com toda a certeza, um escritor diferente. E nós gostamos dele assim. Para sempre!
Coimbra, 26 de Março de 1965 Só há uma solução quando se vive num ambiente medíocre, entre medíocres: recusar a mediocridade. [...] Diário (Volume X) |
Jorge Palma continua a escrever coisas destas, no seu último álbum "Voo Nocturno". Quem canta assim o amor será, para sempre jovem.
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