Sr. Primeiro-Ministro!
Depois das medidas que anunciou, sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes, como diria o Sérgio Godinho. V. Exª dirá que está a fazer o que é preciso.
Eu direi que V. Exª faz o que disse que não faria, faz mais do que deveria e faz sempre contra os mesmos. V. Exª disse que era um disparate a ideia de cativar o subsídio de Natal.
Quando o fez por metade disse que iria vigorar apenas em 2011. Agora cativa a 100% os subsídios de férias e de Natal, como o fará até 2013.
Lançou o imposto de solidariedade. Nada disto está no acordo com a troika. A lista de malfeitorias contra os trabalhadores por conta de outrem é extensa, mas V. Exª diz que as medidas são suas, mas o défice não.
É verdade que o défice não é seu, embora já leve quatro meses de manifesta dificuldade em o controlar. Mas as medidas são suas e do seu ministro das Finanças, um holograma do Sr. Otmar Issing, que o incita a lançar uma terrível punição sobre este povo ignaro e gastador, obrigando-o a sorver até à última gota a cicuta que o há-de conduzir à redenção.
Não há alternativa? Há sempre alternativa mesmo com uma pistola encostada à cabeça. E o que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse, de forma incondicional, ao lado do povo que o elegeu e não dos credores que nos querem extrair até à última gota de sangue.
O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse a lutar ferozmente nas instâncias internacionais para minimizar os sacrifícios que teremos inevitavelmente de suportar.
O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele explicasse aos Césares que no conforto dos seus gabinetes decretam o
sacrifício de povos centenários que Portugal cumprirá integralmente os seus compromissos — mas que precisa de mais tempo, melhores condições e mais algum dinheiro.
Mas V. Exª. e o seu ministro das Finanças comportam-se como diligentes directores-gerais da troika; não têm a menor noção de como estão a destruir a delicada teia de relações que sustenta a nossa coesão social; não se preocupam com a emigração de milhares de quadros e estudantes altamente qualificados; e acreditam cegamente que a receita, que tão mal está a provar na Grécia, terá excelentes resultados por aqui. Não terá! Milhares de pessoas serão lançadas no desemprego e no desespero, o consumo recuará aos anos 70, o rendimento cairá 40%, o investimento vai evaporar-se e, dentro de dois anos, dir-nos-ão que não atingimos os resultados porque não aplicámos a receita na íntegra.
Senhor primeiro-ministro, talvez ainda possa arrepiar caminho. Até lá, sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a
nascer-me nos dentes.
Nicolau Santos, Expresso [15/10/2011]
Auto-retrato (1912)
Abel Manta nasceu em Gouveia, a 12 de Outubro de 1888, e morreu em Lisboa, a 9 de Agosto de 1982.
Exprimiu-se em várias modalidades: ilustração, cartaz, tapeçarias, murais, arquitectura e cartoon. Iniciou-se como figurativista, mas o contacto com Manet, Matisse e Cézanne, em Paris, levou-o a aderir ao pós-impressionismo.
Regressa a Portugal, em meados da década de 20, onde se vai dedicar à Pintura.
Em Gouveia, sua terra natal, Gouveia, foi inaugurado em Fevereiro de 1985 o Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta, num edifício setecentista.
O próximo sábado - 15 de Outubro - promete ser um dia diferente. Em 662 cidades de 79 países, milhões de pessoas vão sair às ruas em protesto, exigindo os seus direitos e apelando a uma verdadeira democracia. Em Portugal, estão planeadas manifestações, às 15 horas, em Lisboa, Porto, Évora, Faro, Braga, Coimbra e Angra do Heroísmo.
"É hora de nos unirmos! É hora de eles nos ouvirem! Povos de todo o mundo, revoltem-se!". Esta é a palavra de ordem que está a ser utilizada pelo movimento "United for globalchange" (Unidos por uma mudança global", um site que coordena todas as acções que se realizarão por todo o mundo.
Ali, em constante actualização, encontra-se a agenda dos protestos mundiais. Nesta quarta-feira, o site regista a adesão de 662 cidades de 79 países.
Ao referir o objectivo do protesto mundial, fica bem claro que se trata de um protesto "sem violência". "Iremos, pacificamente, manifestar-nos, conversar e organizar-nos até que as coisas mudem". O site esclarece que tudo o que se pretende, é que, "unidos a uma só voz, iremos dar a conhecer aos políticos e às elites financeiras que eles servem, que cabe-nos a nós - povo - decidir o nosso futuro".
Até ao momento, em Portugal os protestos têm sido pontuais. Apenas a 12 de Março, o protesto "Geração à Rasca" trouxe às ruas de algumas cidades o protesto de cerca de 500 mil pessoas. Contudo, no próximo sábado, tudo leva a crer que a dimensão dos protestos deverá ser bem maior, até porque o movimento de indignação tem estado bem activo em outros países do mundo.
Em Lisboa, o protesto intitulado "15 de Outubro, a Democracia sai à rua!" começa com um desfile entre o Marquês de Pombal e São Bento, sendo depois organizada uma assembleia popular em frente ao Parlamento. A acção termina com a realização de uma vigília.
Nas restantes cidades, os protestos - todos agendados para as 15 horas, à excepção de Angra do Heroísmo, que se inicia uma hora antes - terão os seguintes pontos de partida: Porto, Praça da Batalha; Coimbra, Praça da República; Braga, Avenida Central; Évora, Praça Sertório, Faro, Jardim Manuel Bivar, e Angra do Heroísmo, Praça Velha.
O movimento dos "indignados" ganhou nas últimas semanas um novo fôlego com a realização de manifestações em Nova Iorque sob o lema "Occupy Wall Street".
A falta de esperança no futuro e o aumento da injustiça - que faz crescer o fosso entre ricos e pobres - justificam o movimento de "indignados" que está a crescer em todo o mundo. É assim que o entende Romano Prodi, ex-presidente da Comissão Europeia, numa conversa com jornalistas em Barcelona.
"Por isso se explica que haja movimentos de indignados em países tão diferentes como Israel, Espanha ou Reino Unido", afirmou.
Prodi falava aos jornalistas num encontro conjunto com Jordi Pujol, o ex-presidente da Generalitat (Governo Regional da Catalunha), que apresentou, esta terça-feira, um novo livro, intitulado "Semear, trabalhar e colher - Escritos de Reflexão e de Agitação" que reúne textos que escreveu entre 2005 e 2011.
Na conversa, em que se analisou a situação actual da Europa, Prodi considerou que o movimento dos " indignados " não encontra o seu fundamento em questões políticas, "ainda que a política tenha ajudado a causar a situação" que leva aos protestos.
"É uma revolta em países completamente diferentes, que deriva da crise, da falta de esperança no futuro, do aumento da injustiça, que nasce pela crescente distância entre os riscos e os pobres", disse.
"Essa distância começou a crescer em todo o mundo desde os anos oitenta, e é uma tendência constante em todos os países, que cresce porque a globalização, o sistema económico, criam cada vez mais tensão", afirmou.
Prodi admitiu, porém, que a classe política "deixou agravar este problema" que hoje "une todos estes países e todos estes movimentos".
Jornal de Notícias
[12 de Outubro de 2011]
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