Quarta-feira, 21 de Maio de 2008

Para quando a discussão do que é, VERDADEIRAMENTE, importante?

 

 

Duas notícias sobre educação, na imprensa escrita de hoje, mostram bem o modus operandi do Ministério da Educação, desde há muito, e das “comissões”, “associações” e “especialistas” vários (sociólogos, psicólogos, pediatras, etc.) que se movimentam à sua volta.

 
1. Fusão do 1º e do 2º Ciclos
 
A proposta é feita pela Comissão Nacional de Educação [que para justificar a sua existência tem de fazer estudos e defendê-los com unhas e dentes].
Diz-se que é apoiada por associações de pais, de professores e por um senhor pediatra.
Muito bem, falemos claro! Esta ideia não é nova. Há muito anos que se fala, pelo menos, em reduzir o número de professores do 2º Ciclo a 2: um para a área de Letras, outro para a de Ciências.
A única razão apontada para voltar, e cito, é que os ditos senhores constataram “um contraste violento e repentino entre o regime de monodocência do 1º Ciclo e o regime de pluiridocência do 2º Ciclo” e que “esta transição demasiado brusca pode trazer problemas comportamentais e de aprendizagem”.
Coitados! Estou a ver que, quando passaram por esta situação, estes senhores ficaram tão traumatizados que foram maus alunos e passaram a ter comportamentos problemáticos. Se assim foi, não serão as pessoas mais indicadas para se debruçarem sobre assuntos de tamanha importância.
Em minha opinião esta medida visa, entre outras, 2 coisas:
- prolongar um Ensino infantilizado até aos 12 anos, que cria um “oásis”, dentro da Escola, e não prepara os alunos para enfrentar as dificuldades que o crescimento necessariamente impõe;
- poupar dinheiro no Ensino Básico, alterando a prestação do trabalho dos professores, que será desviado (Será que, no Governo, se aperceberão disto?) para o Ensino Superior. Porque vai ser preciso formar (ou reformar?), de novo, os professores (fala-se, agora, em 3 para cada turma) e parece que já estou a ver as Escolas Superiores de Educação, e outras, a perfilarem-se para, em duas penadas, tornarem os Professores aptos para as novas tarefas.
Confesso que não consigo ver a bondade ou maldade desta mudança. Acho, simplesmente, que é irrelevante e desnecessária, face aos problemas gravíssimos que o Ensino enfrenta.
Depois… a razão apontada não me convence. Lembro-me muito bem de que essa “mudança brusca” foi, para mim, muitíssimo estimulante e motivo de orgulho. Ia mudar de Escola, ter vários Professores, disciplinas muito diferentes e isso despertava a minha curiosidade sempre ávida de aprender: era um desafio, um novo patamar da minha evolução. Com que entusiasmo encadernava os livros, preenchia os Cadernos Diários e mirava o novo material escolar!...
 
2. Exames de aferição
 
“Ridiculamente fáceis”, não servem para nada, até porque “mudam freneticamente de ano para ano” impossibilitando a comparação de resultados.
É Nuno Crato que pergunta e muito bem: “Para quando verdadeiros exames?”
 
Não quero deixar-me vencer pela tristeza e pelo desalento. Mas dói-me este “país de   faz-de-conta”.
Continua-se a tratar as criancinhas como atrasados mentais, incapazes de enfrentar os desafios da vida. É assim que os alunos adquirem as competências que lhes permitirão sobreviver no futuro? Num mundo cada vez mais competitivo e cruel, almofadam-se as paredes das escolas para que não se magoem, como se em casa, e na rua, fossem cegos e surdos relativamente aos problemas da família e da sociedade.
Continua-se a gastar o dinheiro de nós todos fazendo reformas sem o mínimo critério de qualidade. Da qualidade sim! Da qualidade tão necessária e tão ausente do Ensino Público. Porque parece que está tudo vesgo. Porque talvez, para a senhora Ministra, o problema seja sociológico e não educativo e cultural.
publicado por Elisabete às 21:17
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