Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008

Coincidências? Talvez não...

A Brigada do Reumático e o Grupelho dos 13

A 14 Março de 1974, quando o Estado Novo se encontrava no estertor da agonia, um grupo de oficiais-generais dos três ramos das Forças Armadas realizou uma cerimónia de solidariedade com o regime, na sequência da qual Marcelo Caetano, em agradecimento, afirmou: «O país está seguro de que conta com as suas Forças Armadas e em todos os escalões destas não poderão restar dúvidas acerca da atitude dos seus comandos». Os apoiantes do Presidente do Conselho ficaram sugestivamente conhecidos como a «Brigada do Reumático».

Pouco mais de um mês depois dava-se o 25 de Abril. A acção da «Brigada do Reumático», ao contrário do que afirmara Marcelo Caetano, prenunciava, afinal, a queda do regime.

No passado dia 12 de Dezembro, um grupo de professores próximos ou filiados no PS (tanto quanto consta porque até ao momento ocultaram a sua identidade), foi mostrar solidariedade à Ministra da Educação, a quem apresentou um “Manifesto pela Avaliação de Desempenho Docente“.

Este caricato evento, longe de se afigurar como um mero facto isolado, inscreve-se numa estratégia mais vasta, visando construir uma imagem artificial de divisão dos professores e de unidade do partido governamental em torno da política educativa, onde se inclui a recepção de professores militantes do PS no Largo do Rato, o encontro da ministra com a JS e a mobilização geral dos opinadores socratinos para doutrinarem as massas nos jornais, rádios e televisões.

Se o objectivo do Manifesto é forjar uma ideia de força, a encenação do Grupelho dos 13, à semelhança da iniciativa da Brigada do Reumático, antolha-se-nos, ao invés, como uma clamorosa demonstração de fraqueza, um prenúncio dos dias do fim de um poder autocrático e incompetente, alicerçado nas frágeis bases da demagogia e da mentira, que - usando as sábias palavras de Manuel Alegre - transformou a democracia num teleguiado regime da imagem, da sondagem e da sacanagem… 

 

Mário Rodrigues,
in A Educação do meu Umbigo
http://educar.wordpress.com/
 
 
publicado por Elisabete às 15:38
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Quarta-feira, 26 de Novembro de 2008

Ler nas entrelinhas... ou a queda da máscara

 

 

Sempre dissemos que a política do Ministério da Educação, em relação aos Professores, era meramente economicista.

A Ministra e os seus acólitos tentaram, sempre, fazer passar a imagem de preocupação com a qualidade do Ensino, culpando os Professores do estado calamitoso a que chegámos. Foi visível, no discurso de Jorge Pedreira (Prós e Contras), a preocupação em lançar para cima dos Professores o ónus do insucesso dos alunos.

 

Agora, criam duas espécies de avaliação para os docentes:

 

- a obrigatória, que avalia o aspecto organizacional (seja lá o que for este palavrão);

- a voluntária, que avaliando a componente científico-pedagógica, permite o acesso às classificações de Muito Bom e Excelente e, dependendo das cotas, à progressão na carreira.

 

Como se vê, o aspecto científico-pedagógico é irrelevante para o ME. A condição obrigatória, para se ser Professor, é, apenas e só, ser satisfatório no aspecto organizacional. 

 

Ainda acreditam que eles se preocupam com a qualidade do Ensino?

Eu não. Penso é que a senhora Ministra deseja:

- poupar dinheiro, continuando a impedir a progressão à maioria dos Professores;

- elevar artificialmente os níveis de sucesso dos alunos, usando Professores organizadinhos e amestrados que, baixando obedientemente a cabeça e tapando os olhos, abdiquem da sua obrigação de ser exigentes, também eles, no aspecto científico. No extremo e comparativamente, importante será a organização do portefólio e do caderno diário do aluno e não os conhecimentos e preparação científica que possa ter.

 

Se deixarmos... que futuro nos espera?

 

publicado por Elisabete às 17:20
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Terça-feira, 18 de Novembro de 2008

Cuidado com os alçapões!

 

 

"Jurassik Park"
 
Começa a ser fastidioso falar da ministra da Educação. Afinal de contas, como Brecht diria, o Sol nasce todos os dias sem querer saber dela, o trigo cresce nos campos, as estações sucedem-se. Mas que pode fazer o pobre cronista, se ela se tornou, se calhar contra a sua vontade, o lamentável protagonista do filme hoje mais visto em todas as salas do país? Desta vez, a crer na TSF, Lurdes Rodrigues “reconheceu segunda-feira a dificuldade das escolas na aplicação do processo de avaliação dos professores” e já “admite alterar o sistema”.
Durante o fim-de-semana, o argumentista ter-lhe-á escrito novos diálogos, pois ainda no sábado ela garantia no “Expresso” que não se passava nada. A explicação da inesperada evolução tem, tudo o indica, 150 anos, que se comemorarão em 2009, ano de eleições. E, como Darwin mostra em “A origem das espécies”, o processo evolutivo de selecção natural implica que só organismos (incluindo ministros e maiorias) capazes de adaptar-se ao ambiente (e, no caso, que ambiente!) tendem a sobreviver. Resta saber se se trata de adaptação ou só de aclimatação ao tempo que faz.
 
Manuel António Pina

JN, Por Outras Palavras [18Nov2008]

publicado por Elisabete às 11:31
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Quinta-feira, 13 de Novembro de 2008

A desproporcionada Ministra

 

 

 

 

A Ministra da Educação perdeu, definitivamente, a noção daquilo que afirma. Segundo esta senhora, andaríamos 30 anos para trás se o seu (?) Modelo de Avaliação dos Professores fosse suspenso.

Percebe-se que a senhora considera estar a finalizar a obra levada a cabo pelo Ministério da Educação, nos últimos 30 anos, e se sente muito orgulhosa por isso.

Por mim, pode ficar com os "louros".

Mas... se, em matéria de Educação, pudéssemos recuar 30 anos, não seria mau de todo. Talvez ainda fôssemos a tempo de impedir o descalabro a que chegámos. Talvez os responsáveis pela Educação ainda fossem a tempo de compreender que alargar a escolaridade obrigatória não é (não pode ser!!!) diminuir a qualidade do Ensino.

Porque foi isso que aconteceu. As Escolas deixaram de ser locais de Cultura e Conhecimento, para se transformarem em estabelecimentos de caridade que fornecem diplomas a jovens sem qualificações, como prémio por lá se manterem. Assim os pais têm quem lhes tome conta dos filhos e estes até nem desgostam de frequentar os parques de diversões em que as Escolas se transformaram.

 

publicado por Elisabete às 19:29
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Terça-feira, 11 de Novembro de 2008

A Ministra dos Milagres

 

Os professores portugueses parecem ter ganho o gosto às avaliações, e 120 mil (há oito meses foram "apenas" 100 mil) avaliaram de novo a ministra e a "sua" avaliação. Depois do milagre estatístico da Matemática, Lurdes Rodrigues conseguiu proeza ainda mais improvável, a da unanimidade dos professores. Se isso não chega para a sua beatificação - que Sócrates tem em marcha - vou ali e venho já. 120 mil professores na rua (uns "míseros votos", como lhes chamou Sócrates) contra o naufrágio do sistema educativo e o pesadelo burocrático em que foi transformada a sua profissão, e gritando "deixem-nos ser professores" não é sinal de descontentamento, é algo mais profundo.
Ou deveria ser, para quem tivesse um mínimo de humildade democrática e não confundisse firmeza com auto-suficiência e poder com mando. Se a passagem de Lurdes Rodrigues pelo ME constitui um "study case" de incapacidade técnica e autismo político, a reacção praticamente unânime dos professores em defesa da dignidade da profissão docente é um exemplo de cidadania activa cada vez mais raro no "país em diminutivo" em que nos tornámos.
 
Manuel António Pina, Por Outras Palavras
Jornal de Notícias [11.Nov.2008]
publicado por Elisabete às 11:08
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Terça-feira, 4 de Novembro de 2008

Luís Soriano para Ministro da Educação, JÁ!!!

É o ALFA ou o BETO?

 

TRÊS BOAS ALMAS
 
1.Venho falar de um humilde professor do nordeste colombiano e dos seus dois burrinhos. O homem chama-se Luís Soriano -há que reter o nome e já vamos ver porquê- e as alimárias dão pelo nome de Alfa e Beto. Junte as palavras e lerá alfabeto. É que o professor anda pela selva, de povo em povo, a emprestar livros. Nos fins de semana, que o resto dos dias ensina na sua escola de La Gloria. Tem tempo: ao ensino, pode somar horas de leitura e distribuir, gratuitamente, sabedoria. Gostava de ouvir os comentários dos nossos docentes, tolhidos e engaiolados para avaliação... Sábados e Domingos, trotam Luís e seus jericos. Muito eles suam! Transportam um tesouro: a “Biblioburro”, que assim chamam ao carrego.
 
2.Esse samaritano nasceu em região pobre, atrasada e violenta, a de Aracataca, inspiradora de “Cem anos de solidão”, de Garcia Marques. Estudou noutro lado, onde aprendeu ofício de mestre escola. E voltou à origem –com a convicção de que a cultura é a riqueza maior e arma formidável contra injustiça e banditismo. Foi-se à corte e carregou de livros os dois burrinhos, em alforges, ao modo de almocreve singular, que empresta e não vende. A aventura começou com 70 livros e já vai em 4.800, que arrecada numa barraca, junto à casa: dicionários, romances, (“O Livro da Selva”, de Kipling), obras de história da América Latina e do mundo. Abre janelas, desvenda horizontes fabulosos. Obviamente -Luís Soriano tornou-se conhecido-, a maior parte da “Biblioburro” foi oferecida por instituições solidárias. Às vezes, elas existem e ajudam, não desespere, leitor! Que o digam Luís e os burricos, três boas almas (algum teólogo reclama?).
 
Manuel Poppe

 Jornal de Notícias

O Outro Lado

[3Nov2008]

publicado por Elisabete às 18:43
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