A 14 Março de 1974, quando o Estado Novo se encontrava no estertor da agonia, um grupo de oficiais-generais dos três ramos das Forças Armadas realizou uma cerimónia de solidariedade com o regime, na sequência da qual Marcelo Caetano, em agradecimento, afirmou: «O país está seguro de que conta com as suas Forças Armadas e em todos os escalões destas não poderão restar dúvidas acerca da atitude dos seus comandos». Os apoiantes do Presidente do Conselho ficaram sugestivamente conhecidos como a «Brigada do Reumático».
Pouco mais de um mês depois dava-se o 25 de Abril. A acção da «Brigada do Reumático», ao contrário do que afirmara Marcelo Caetano, prenunciava, afinal, a queda do regime.
No passado dia 12 de Dezembro, um grupo de professores próximos ou filiados no PS (tanto quanto consta porque até ao momento ocultaram a sua identidade), foi mostrar solidariedade à Ministra da Educação, a quem apresentou um “Manifesto pela Avaliação de Desempenho Docente“.
Este caricato evento, longe de se afigurar como um mero facto isolado, inscreve-se numa estratégia mais vasta, visando construir uma imagem artificial de divisão dos professores e de unidade do partido governamental em torno da política educativa, onde se inclui a recepção de professores militantes do PS no Largo do Rato, o encontro da ministra com a JS e a mobilização geral dos opinadores socratinos para doutrinarem as massas nos jornais, rádios e televisões.
Se o objectivo do Manifesto é forjar uma ideia de força, a encenação do Grupelho dos 13, à semelhança da iniciativa da Brigada do Reumático, antolha-se-nos, ao invés, como uma clamorosa demonstração de fraqueza, um prenúncio dos dias do fim de um poder autocrático e incompetente, alicerçado nas frágeis bases da demagogia e da mentira, que - usando as sábias palavras de Manuel Alegre - transformou a democracia num teleguiado regime da imagem, da sondagem e da sacanagem…
Sempre dissemos que a política do Ministério da Educação, em relação aos Professores, era meramente economicista.
A Ministra e os seus acólitos tentaram, sempre, fazer passar a imagem de preocupação com a qualidade do Ensino, culpando os Professores do estado calamitoso a que chegámos. Foi visível, no discurso de Jorge Pedreira (Prós e Contras), a preocupação em lançar para cima dos Professores o ónus do insucesso dos alunos.
Agora, criam duas espécies de avaliação para os docentes:
- a obrigatória, que avalia o aspecto organizacional (seja lá o que for este palavrão);
- a voluntária, que avaliando a componente científico-pedagógica, permite o acesso às classificações de Muito Bom e Excelente e, dependendo das cotas, à progressão na carreira.
Como se vê, o aspecto científico-pedagógico é irrelevante para o ME. A condição obrigatória, para se ser Professor, é, apenas e só, ser satisfatório no aspecto organizacional.
Ainda acreditam que eles se preocupam com a qualidade do Ensino?
Eu não. Penso é que a senhora Ministra deseja:
- poupar dinheiro, continuando a impedir a progressão à maioria dos Professores;
- elevar artificialmente os níveis de sucesso dos alunos, usando Professores organizadinhos e amestrados que, baixando obedientemente a cabeça e tapando os olhos, abdiquem da sua obrigação de ser exigentes, também eles, no aspecto científico. No extremo e comparativamente, importante será a organização do portefólio e do caderno diário do aluno e não os conhecimentos e preparação científica que possa ter.
Se deixarmos... que futuro nos espera?
JN, Por Outras Palavras [18Nov2008]
A Ministra da Educação perdeu, definitivamente, a noção daquilo que afirma. Segundo esta senhora, andaríamos 30 anos para trás se o seu (?) Modelo de Avaliação dos Professores fosse suspenso.
Percebe-se que a senhora considera estar a finalizar a obra levada a cabo pelo Ministério da Educação, nos últimos 30 anos, e se sente muito orgulhosa por isso.
Por mim, pode ficar com os "louros".
Mas... se, em matéria de Educação, pudéssemos recuar 30 anos, não seria mau de todo. Talvez ainda fôssemos a tempo de impedir o descalabro a que chegámos. Talvez os responsáveis pela Educação ainda fossem a tempo de compreender que alargar a escolaridade obrigatória não é (não pode ser!!!) diminuir a qualidade do Ensino.
Porque foi isso que aconteceu. As Escolas deixaram de ser locais de Cultura e Conhecimento, para se transformarem em estabelecimentos de caridade que fornecem diplomas a jovens sem qualificações, como prémio por lá se manterem. Assim os pais têm quem lhes tome conta dos filhos e estes até nem desgostam de frequentar os parques de diversões em que as Escolas se transformaram.
É o ALFA ou o BETO?
Jornal de Notícias
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[3Nov2008]
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