Bonjói, ou Bonjóia, é um topónimo antigo, conhecido desde os tempos medievos.
Nos fins do século XIV, existia ali uma quinta, que pertencia ao Chantre Martim Viegas. Por sua morte, ficou para Maria Martins e seu marido Afonso Dinis. Foram estes que a doaram ao Cabido da Sé do Porto, com a obrigação de algumas missas (31 de Dezembro de 1402).
No século seguinte, foram sucessivamente enfiteutas: Álvaro Gonçalves Almotim, o Mestre Escola da Sé Diogo Dias e o Cónego Afonso Luiz. Este último, por ausente do Porto, renunciou em favor do Arcediago do Porto.
A 9 de Julho de 1479, foi celebrado novo contrato, agora com o Cónego Fernão Aranha, novo enfiteuta do prazo de Bonjói, pelo foro de mil réis em dinheiro e oito galinhas por ano, prazo renovado a 14 de Abril de 1502, em sua sobrinha (ou filha?) Mécia Aranha, mulher de Manuel Gonçalves, Cidadão do Porto, em cuja descendência permaneceu até meados do século VIII.
Em 1758, a Quinta foi adquirida por Dom Lourenço Amorim da Gama Lobo. Natural de Ponte de Lima, era Fidalgo-Cavaleiro da Casa Real, Senhor da Casa do Campo das Hortas (na Praça Nova, hoje da Liberdade – edifício entretanto demolido, para a abertura da Avenida dos Aliados). No Porto, foi ainda Prior da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (1757-1758), Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo e Mestre-de-Campo de Infantaria Auxiliar do Porto.
Casou por cá, com Dona Maria Violante Guimarães, filha de João Antunes Guimarães, importante negociante do Porto, cuja quinta confrontava a poente com Bonjóia.
Foi Dom Lourenço Amorim da Gama Lobo quem mandou construir a Casa actualmente existente. A obra de pedraria foi executada por Miguel dos Santos, contratado a 1 de Março de 1759. O risco foi atribuído, por Robert Smith, ao italiano Niccolò Nasoni, celebrado autor da Torre dos Clérigos e do Palácio do Freixo, a quem também atribuíra a autoria das Quintas da Prelada (dos Noronha e Menezes) e de Ramalde (dos Pereira Leite), com parecenças nítidas com a Casa de Bonjóia.
O edifício nunca foi concluído, faltando-lhe a ala Nascente, cujos arranques ainda lá estão. A porta principal volta-se para Norte, para a Rua de Bonjóia, onde Dom Lourenço quis marcar a sua propriedade e fidalguia, com o seu brasão-de-armas: esquartelado, I Amorim, II Gama, III Lobo, IV Magalhães. Contudo, é o alçado Sul do edifício que maior grandeza possui, mesmo faltando-lhe a torre e o corpo Nascente.
A sua localização é estratégica, voltando-se para um patamar de jardim e para o Vale de Campanhã, com o Douro como fundo.
Após a morte de Dom Lourenço, sucede-lhe na Casa o filho Dom António Amorim da Gama Lobo, casado com Dona Maria do Carmo de Portugal e Menezes, da Casa da Torre da Marca. Como não lhes sobreviveu qualquer filho, os bens vinculados passaram para a irmã, Dona Maria Antónia de Amorim e os restantes (a Quinta de Bonjóia) para a viúva. Desta, foi herdeira uma sobrinha, Dona Maria da Natividade Guedes de Portugal e Menezes, filha dos 1.os Viscondes da Costa, que veio a casar com um seu parente, o Conselheiro José Guedes Brandão de Mello (Conde de São Vicente, pelo seu casamento com a 9ª titular), Dom Francisco Brandão de Mello e Dom José Brandão de Mello. Embora todos tenham casado, só este último deixou descendência, que acabou vendendo a Quinta ao Juiz Abílio Augusto Mendes de Carvalho, em 1935.
Nas décadas que se seguiram, a casa sofreu algumas alterações pontuais e, sobretudo, uma enorme degradação quando, em 1995, foi adquirida pela Câmara Municipal do Porto.
Actualmente, acolhe a Direcção Municipal de Desenvolvimento Social, da Câmara Municipal do Porto.
(O verdadeiro osso das coisas)
Posso dizer que foi um ano branco, aquele. Redigida a Carta Constitucional, o país auscultado com o estetoscópio da democracia parlamentar. Henrique esfumava-se sob um álamo, a cinza devolvia a política aos altares naturais.Só falava quem tinha pergaminhos ou quem não tinha vergonha de tropeçar na sua ignorância. Nos anos de brasa podia-se mostrar a ignorância sem vergonha. A ignorância era uma medalha da opressão. Os doutores ouviam os ignorantes e apreciavam a sabedoria da ignorância. Mas a cinza repôs o pêndulo da História e os néscios voltaram a ter vergonha. O país ficou ponderado. No fundo, o país não queria falar tanto, só queria ouvir quem tivesse o mérito da fala, apreciar a oratória televisiva. Tornou-se um país de cidadãos sentados com a faca numa mão e o queijo na outra. O queijo era o sorriso do político e a faca o voto do eleitor. Aceitaram-se os patrões e os capatazes como inevitabilidade da vida, eram as cigarras da economia. Eu estava numa posição de privilégio para o dizer porque era patrão e empregado ao mesmo tempo, tinha dado dois dias de salário à nação no tempo do Vasco Gonçalves, um como empregado e outro como patrão. Descobriram-se curvas desconhecidas na nossa língua. Foi tempo da Sónia Braga e do doutor Mundinho. Cinema indiano, introspecção, melodrama, frigoríficos, televisores.
[...]
O amor, soube-o ali, não precisava de palavras de legendar filmes. E antes que nada mais restasse do que uma narrativa inútil, juntei as minhas bagas de trovisco às do padre Rubim e transformámos os Melros numa associação cultural com teatro, biblioteca, desporto, escola de música. Tal como a utopia nos tinha ensinado. E utopia pareceu-me uma palavra justa para definir um sonho amplo no céu coberto pela cinza dos dias.
CARLOS TÊ, O Voo Melancólico do Melro
A França, onde o Sagrado Coração de Jesus se manifestou, foram os do Porto
buscar o começo de uma nova igreja
Uma pedra será mais do que isso, mero bloco granítico a partir do qual se constrói a casa, seja esta dos homens ou da divindade. Uma pedra pode remeter-nos à penitência de Sísifo, condenado a repetidamente levar o mesmo monolito ao cume da mesma montanha, mas pode também lembrar-nos a fé dos de há quase cinquenta anos, que do Porto foram a França buscar o alicerce basilar da sua igreja. A pedra que aqui mostramos, primeira de um moderno templo que viria a representar, na Invicta, novo paradigma da arquitectura religiosa assinado pelo arquitecto Luís Cunha, que poucos anos depois teria nova expressão na Igreja Paroquial de Cedofeita, assinada por Eugénio Alves de Sousa. Mas a primeira pedra da nova igreja do Carvalhido, que é dessa que aqui falámos, é mais do que um fragmento de arquitectura, antes foi uma expressão de fé. Consagrado ao Sagrado Coração de Jesus o templo, à localidade de Paray-le-Monial foram peregrinos, em 1966, buscar o bloco que aqui vemos, um ano depois, na cerimónia simbólica de arranque da construção. Porque naquela distante terra se acredita que Cristo apareceu de peito aberto a Margarida Maria Alacoque, que viveu no século XVII e é santa desde 1920. Num pedaço de granito, "o coração que tanto amou os homens", como se acredita que Cristo disse à vidente, mas também a perseverança dos que quiseram dar à sua casa de oração uma essência de divindade. Foi em Junho de 1967 que, como noticiava o JORNAL DE NOTÍCIAS, "as principais autoridades civis e militares" do Porto assistiram à bênção da pedra, protagonizada pelo bispo Florentino de Andrade Silva, administrador apostólico da dioceses. O bispo diocesano, D. António Ferreira Gomes, afrontara Oliveira Salazar e vivia no exílio, em Espanha e França, desde 1959. Só regressaria dois anos depois desta cerimónia, beneficiando da relativa abertura a que se chamou "primavera marcelista", ainda a tempo de assistir ao final da construção da igreja do Carvalhido.
A nova Igreja do Carvalhido
1961 - PONTE DA ARRÁBIDA
Muitos duvidavam que a Ponte da Arrábida, o maior arco de betão em todo o mundo, à data, se aguentasse no sítio. Amanhã passam 52 anos sobre a inauguração da ponte que se fez monumento nacional.
Edgar Cardoso transformou a engenharia em evento de massas e foi a construção da Ponte da Arrábida, união do Porto a Gaia que é agora monumento nacional, que fez dele, digamos assim, produtor de eventos.
Não se leia aí ofensa, antes gratidão a um homem que tornou apaixonante algo que outros deixariam à indiferença que junto dos leigos suscita o projecto e cálculo de estruturas de betão. Com Edgar Cardoso, as coisas eram diferentes, não apenas por o notável professor ser uma figura cativante mas também pela genenialidade que transparecia da idealização de modelos laboratoriais, da busca de soluções inéditas e, sobretudo, do arrojo dessas soluções em que mais ninguém parecia acreditar. Quando foi feita, a Ponte da Arrábida era um fenómeno - o maior arco de betão pré-esforçado alguma vez feito - e gente do mundo inteiro esteve no Porto à espera de a ver cair. A técnica de construção já havia sido testada em menor escala, bem perto do Porto, na ponte que cruza o rio Sousa e sobre a qual tanta gente passa sem se aperceber de que é uma miniatura da grande obra que viria depois. E que teve no fecho do cimbre - realizado em Junho de 1961 e aqui documentado - o mais espectacular e fotografado momento. O cimbre é, digamos assim, o molde metálico que, à medida que era montado, ia sendo enchido com betão. O tramo central, que fechou o arco, foi construído a montante e transportado, Douro abaixo, sobre batelões puxados por rebocadores, sendo depois içado por gruas, postas de ambos os lados da construção. Tinha 78 metros de comprimento, pesava 500 toneladas e demorou cinco dias a chegar lá ao alto. Depois de pronto o primeiro arco de betão, o cimbre foi deslocado lateralmente para o segundo arco ser construído. A ponte foi inaugurada a 22 de Junho de 1963, com a pompa que levou o JN a titular a toda a largura da primeira página, no estilo descritivo e encomiástico próprio da época: "Revestiu-se de condigna solenidade a inauguração da Ponte da Arrábida.
in Notícias Magazine
enquanto há força
Concerto de Tributo à vida e obra de José Afonso integrado nas iniciativas de comemoração do 26º aniversário da Associação José Afonso
De nada me arrependo
Só a vida
Me ensinou a cantar
Esta cantiga
In “Alegria da Criação”(José Afonso in “Galinhas do Mato”,1985)
“José Afonso é o nosso maior cantor de intervenção. Este elogio tão consensual e aparentemente tão generoso é a forma mais eficaz de liquidar a obra do grande mestre da música popular portuguesa no que ela tem de universal e de artisticamente superior. (…) Arrumar José Afonso na gaveta da canção de intervenção, é não compreender que a dimensão da sua obra está ao nível do que de mais importante se fez na música popular universal do século XX. E se não teve o impacto mundial que merecia, foi tão-somente porque ele nasceu onde nasceu.”
Guilhermino Monteiro | João Lóio| José Mário Branco | Octávio Fonseca in “José Afonso, Todas as Canções”.
Por tudo isto, no dia 20 de Outubro, pelas 21h, com o apoio empenhado da CASA DA MÚSICA (Porto) e de muitas outras entidades, “companheiros de estrada” do Zeca distraído e de óculos grandes – conjuntamente com gente nova que cresceu com o “poeta, andarilho e cantor” – prestam tributo a um amigo maior que o pensamento.
ASSOCIAÇÃO JOSÉ AFONSO
Aquisição de bilhetes na CASA DA MÚSICA ou:
Pelas 18h 30m, do próximo dia 28 de Maio de 2009, será lançado no Porto, na Cooperativa Árvore, o Volume I do livro de Camilo Mortágua "Andanças para a Liberdade", editado pela Esfera do Caos
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